O painelista, que já foi bancário no início dos anos 80, traçou um quadro da economia e do sistema financeiro bancário internacional. Segundo ele, a época atual pode ser definida como o "rescaldo da crise".
"Aquele incêndio que começou exatamente em setembro de 2008 já está controlado, mas é inegável que existe o risco de retorno. O abalo recente da economia européia, com a situação vivida pela Grécia, prova isto", disse o economista, que completou afirmando que a crise grega pode trazer conseqüências para os bancos.
Ainda sobre a crise, Carvalho levantou duas questões, que para ele são discutidas de maneira diferente. A mais abordada é sobre o endividamento público causado pela recessão. O tema menos debatido, mas igualmente importante, é a pressão pública para responsabilizar os bancos pela situação de crise e a proposta de regulamentação do sistema financeiro.
"Esta crise prova que o sistema financeiro sem regulamentação é extremamente perigoso para a sociedade. Na Europa existe um forte clamor para que as instituições financeiras sejam responsabilizadas pela depressão. Foram realizadas alterações drásticas nos regulamentos bancários, pelo Banco Central Europeu. Além disso, os bancos podem ser obrigados a pagar pela crise, literalmente, através de impostos especiais sobre as instituições", afirmou o economista.
Já no Brasil, a situação é diferente, segundo Carlos Eduardo. "Os bancos consideram o nosso país um paraíso. Temos um sistema financeiro regulamentado a favor das instituições. O Banco Central brasileiro está sempre disposto a repelir as dificuldades encontradas pelos bancos. Foi assim na crise, quando o BC contribuiu com concessão de créditos para os ‘gigantes’ e manteve o Brasil estável durante a crise", ressaltou.
"No Brasil os bancos são protegidos, o que colabora para que gigantes como Santander sejam salvos pelos lucros astronômicos obtidos aqui, mesmo que na Europa os resultados sejam perigosos", finalizou o economista.