No Brasil, o spread passou de 35,6 pontos percentuais em 2008 para 35,4 pontos percentuais em 2009, maior do que o registrado em outros 136 países, enquanto que no Zimbábue o indicador ficou em 75 pontos percentuais no ano passado.
Os dados são do relatório de competitividade global, estudo divulgado no dia 9 de setembro e que compreende vários indicadores distintos, como dados de crescimento econômico, mas também de saúde e usuários de internet.
Motivos
De acordo com o economista-chefe da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Marcel Solimeo, diversos fatores mantêm o Brasil quase na liderança dos maiores spreads do mundo.
"Você tem custos tributários altos, burocracia, depósitos compulsórios, taxa de inadimplência mais elevada que o normal e uma parcela de lucros dos bancos que ninguém pode se queixar".
Além disso, ele explicou que falta no Brasil uma concorrência mais acentuada entre bancos. "O setor é concentrado. Em países como os Estados Unidos, tem uma concentração entre os grandes, mas têm milhares de pequenos bancos. No Brasil, se imaginava que, com a entrada de estrangeiros, poderia diminuir o spread, mas ele se manteve".
Solimeo disse ainda que é preciso considerar que a inflação no Brasil ainda é alta, de 4,9% ao ano, de acordo com a pesquisa do Fórum Econômico Mundial, sendo a 93ª maior do mundo.
"Com a inflação alta, o banco tem de buscar resultado que cubra a inflação e ainda dê lucro". O economista disse ver um horizonte de queda dos spreads, mas não no curto prazo.
Maiores spreads
Para se ter uma ideia, na Holanda, onde há o menor spread do mundo, a taxa é de -0,6 ponto percentual. No Reino Unido, a diferença entre custo de captação e de empréstimo de dinheiro pelos bancos é de 0,2 ponto percentual, enquanto no Irã é de 0,3 ponto percentual.
Quando analisados os demais integrantes do Bric, a China tem um spread de 3,1 pontos percentuais, sendo a melhor colocada, seguida da Índia (5,2 p.p.) e da Rússia (6,7 p.p.).