Indicador da Serasa aponta expectativa menor de que calote vá diminuir
As dificuldades do consumidor brasileiro para chegar ao fim do mês com as contas todas pagas devem aumentar, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (10) pela empresa de análise de crédito Serasa Experian. O indicador de perspectiva de inadimplência apresentado hoje registrou avanço de 2,1% – o sexto avanço consecutivo.
Segundo a Serasa, as recentes medidas do Banco Central para restringir o crédito e conter a expansão do consumo – e, com isso, o avanço da inflação – deverão “dificultar o equilíbrio orçamentário dos consumidores, agora mais endividados e, ao mesmo tempo, proporcionar um avanço mais modesto da massa real de rendimentos, no médio prazo”.
Apesar disso, o indicador da Serasa ficou em 94,3 pontos – abaixo do nível de 100 pontos, o que sinaliza um patamar inferior ao padrão histórico brasileiro.
– Assim, por hora, não se vê riscos de que essa inadimplência constitua algo que impeça a expansão do crédito aos consumidores, embora isso deva ocorrer em ritmo mais moderado que o visto em 2010.
Ontem (9), a Serasa informou que o calote dos consumidores brasileiros teve um crescimento de 24,8% em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2010. Trata-se do maior avanço em termos anuais desde julho de 2002.
Esse crescimento é resultado da expansão do endividamento dos consumidores, que foi acentuado ao longo de todo o ano passado. Na comparação com dezembro, no entanto, houve queda de 3,3% – de acordo com a Serasa, esse movimento entre um mês e o imediatamente seguinte é sinal de que o calote está sob controle.
Endividamento
Pesquisa da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) divulgada no mês passado mostrou que a farra das compras vista em 2010 teve um custo: o endividamento. O nível de endividamento e de contas em atraso entre os consumidores paulistas cresceu neste mês e ficou em 51,2%. A fatura das compras de dezembro com o cartão de crédito e os impostos (IPTU e IPVA) e gastos escolares complicaram a vida do consumidor.
O comprometimento maior da renda do trabalhador reflete, segundo a Fecomercio, a confiança que o consumidor expressou em dezembro, assim como a utilização maior de novos financiamentos nas compras de Natal e gastos de final de ano.
Também houve aumento no número de famílias com contas em atraso, de 13% em dezembro para 15% em janeiro. Aqui também as famílias com renda de até dez mínimos são maioria (17%), enquanto apenas 5% das famílias com renda superior a esse patamar se encontram em tal condição.