A maior parte das famílias brasileiras gasta mais do que ganha. Nada menos que 68,4% das famílias do País têm, em média, uma despesa mensal superior ao rendimento, segundo revela a POF 2008 e 2009. O levantamento mostra, porém, uma evolução no equilíbrio orçamentário familiar, já que, na pesquisa anterior, de 2003, 85% das famílias estavam com gastos desequilibrados.
Na camada mais baixa de renda da pesquisa, para rendimentos mensais de até R$ 830, as despesas médias mensais, no ano passado, totalizavam R$ 744,98, enquanto o rendimento médio era de R$ 544,21. A coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, Márcia Quintslr, disse que, ainda que o desequilíbrio nas contas familiares ainda seja significativo, a redução do desequilibro em sete anos também é destaque. "É um período de aumento real do rendimento e da ocupação, então o maior equilíbrio no orçamento é resultado desses fatores", disse.
Como resultado desse aperto nas contas familiares, 75,2% das famílias entrevistadas revelaram que têm dificuldade para esticar a renda até o fim do mês. O resultado também é inferior à POF anterior (85,5%). Por outro lado, as famílias com "muita facilidade" para fechar o mês não ultrapassam 1% do total.
Renda
O rendimento das famílias brasileiras cresceu bem acima dos gastos desde o início do governo Lula. Segundo mostra o IBGE, o rendimento total médio mensal familiar chegava a R$ 2.763,47 em 2009 – de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares -, patamar 10,8% maior do que no início da atual gestão presidencial, em 2003. No mesmo período, as despesas aumentaram 5,98%.
A elevação de renda ocorrida em sete anos ocorreu nas transferências, que incluem os programas sociais federais, como o Bolsa Família, mas também aposentadorias e pensões e registraram um aumento, em valor, de 36,5% entre 2003 e 2009. No mesmo período, o rendimento do trabalho aumentou 9,17%.
No que diz respeito aos gastos, o destaque no período ficou com elevação das despesas ficou com a compra e reforma de imóveis (ou aumento do ativo, com 29% de alta nos gastos médios mensais) e no pagamento de dívidas, com alta de 11% nos sete anos de intervalo entre a POF relativa a 2002/2003 e a de 2008/2009, divulgada ontem.
Entre as regiões do País, o maior aumento de renda nos sete anos de governo foi registrado no Norte (19%), puxado sobretudo pelas transferências (alta de 47%). A menor variação no rendimento, abaixo da média nacional, ficou com o Sudeste (8,97%).
O aumento da renda familiar foi bem maior no campo do que na cidade. Enquanto na área urbana o rendimento médio mensal familiar foi de R$ 2.999,98 em 2009, com alta de 10,14% em relação a 2003, na área rural, apesar de bem inferior (R$ 1.481,91), o acréscimo foi bem maior no período, de 21,7%. Enquanto a renda com transferências nas cidades aumentou 35,2% em sete anos, no campo houve alta de 53%.