Presidente do Banco Central afirma que banco era bom negócio para a Caixa
O empresário Silvio Santos, dono do Grupo Silvio Santos, pode ter de vender sua participação no banco Panamericano para bancar a dívida de R$ 2,5 bilhões que contraiu para sanear as contas da instituição. A possibilidade foi levantada pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em audiência na Comissão de Orçamento do Congresso Nacional, nesta quinta-feira (11).
– A Caixa vai começar a executar seu plano de negócios com o sócio, possivelmente com o novo sócio que entrar no lugar do controlador [Silvio Santos], uma vez que ele teria que vender sua participação para pagar o FGC [Fundo Garantir de Crédito, que concedeu o empréstimo ao empresário].
Em 2009, a CaixaPar, braço de investimentos da Caixa, adquiriu 49% do capital votante – equivalente a 38% do capital total – do Panamericano, em uma operação que custou R$ 739,2 milhões aos cofres públicos.
Para o presidente do BC, o empréstimo feito pelo FGC foi um “final feliz” para o episódio, uma vez que não foi feito qualquer aporte de dinheiro público.
– A grande conclusão importante deste fato é que foi solucionado um problema sem uso de um centavo de dinheiro público do governo federal. Foi preservado o patrimônio dos acionistas minoritários, da Bovespa [Bolsa de Valores], da Caixa e também dos depositantes. Foi um final feliz para o episódio.
Meirelles disse ainda que a Caixa contou com a avaliação de consultorias para fazer a operação e concluiu que era uma “boa oportunidade de expansão dos negócios”. Ele acrescentou que a lei determina que cabe ao BC, no caso da compra de parte do Panamericano pela Caixa, avaliar apenas a concentração e o efeito sobre a concorrência.
– No momento em que um governo assume a responsabilidade pelo patrimônio de instituições privadas, está abrindo um passivo contingente enorme. É o que se chama no mercado financeiro de risco moral. Seria, em última analise, uma crise de insolvência do Estado.
De acordo com o presidente do BC, a instituição solicitou esclarecimentos sobre a situação do Panamericano no dia 8 de setembro. O banco entregou os dados no dia 1º de outubro e pediu mais prazo para informar o valor preciso do rombo, o que ocorreu no dia 13. No início deste mês, o controlador apresentou a proposta de recomposição patrimonial.