O maior montante de transações continua no auto-atendimento (R$ 15,8 bilhões), mas o crescimento esmagador ficou mesmo por conta dos correspondentes bancários (lojas, farmácias, supermercados, lotéricas), responsáveis por R$ 2,8 bilhões em 2009 e um crescimento de mais de 2.000% se comparado aos R$ 100 milhões referentes a 2003. A quantidade de correspondentes nesse período saiu da casa dos 36 mil para chegar a mais de 150 mil.
Enquanto isso, as operações realizadas na boca do caixa, nas agências, tiveram um decréscimo entre 2003 e 2009: menos 2%, saindo dos R$ 4,5 bilhões para R$ 4,4 bilhões. “Esse dado demonstra o esforço dos bancos para tirar os cidadãos de dentro das agências”, diz a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. “Se o cliente, ao tentar pagar uma conta, encontra filas gigantescas, sai do caixa e vai buscar o auto-atendimento e os serviços dos correspondentes”, afirma a dirigente, lembrando que a imensa maioria deles está instalada nas regiões Sul e Sudeste, muitas vezes ao lado de agências bancárias.
Enquanto o trabalho aumentou 81% e o número de correspondentes cresceu 317%, entre 2003 e 2009, a contratação de bancários subiu só 15%. “Com isso, os bancos estão economizando às custas dos clientes e dos trabalhadores, expondo-os à insegurança desses locais, além do fato de os correspondentes não receberem os mesmos salários e direitos dos bancários apesar de realizarem serviços típicos da categoria. Esse enquadramento tem de ser respeitado.”
Emprego – Para Juvandia, o debate vem bem a calhar às vésperas da Campanha Nacional 2010. “Esses números evidenciam o que dizemos todos os dias. Os bancos têm de contratar mais para prestar um serviço mais decente aos clientes, dentro das agências bancárias com número maior de trabalhadores.”
Mas não é isso que está no horizonte das instituições. Apesar de vários bancos alardearem a ampliação da rede de atendimento, o foco anunciado está principalmente na venda de produtos, que é feita primordialmente no modo presencial, com contato direto entre bancário e cliente.
“Essa é mais uma distorção do sistema, que já não presta o devido serviço de concessão de crédito a taxas justas e de investimento na produção”, afirma Juvandia. “A venda de produtos está associada a metas geralmente abusivas e inatingíveis que levam ao assédio moral e adoecimento dos bancários.”
Consulta – Juvandia convoca os trabalhadores a começar já a participar da Campanha Nacional 2010, respondendo a consulta sobre as principais reivindicações deste ano (acesse no
www.spbancarios.com.br/campanhanacional). “Os números mostram: só os banqueiros estão ganhando. Os bancários têm de se apropriar desses resultados. Os bancos podem lucrar, mas isso tem de reverter em empregos para reduzir o ritmo extenuante do trabalho, em melhores salários e atendimento mais decente aos cidadãos. Nossa organização é um meio para chegar a isso.”