Ideia do Grupo Silvio Santos é atrair investidores com a “garantia” do banco do governo
A Caixa Econômica Federal não deu dinheiro para cobrir o rombo bilionário do Banco Panamericano, mas a imagem do banco do governo federal deve servir para melhorar a credibilidade do braço financeiro do Grupo Silvio Santos. A ideia é “colar” a imagem do Panamericano à da CEF, que já controla parte da financeira do dono do SBT.
Aos investidores, o recado será: pode confiar porque, em última instância, a Caixa é quem vai garantir as operações. O plano é uma tentativa de devolver a normalidade às contas da casa.
No começo do mês, o Panamericano pediu R$ 2,5 bilhões a um fundo de bancos privados para recuperar perdas causadas por erros nos balanços.
Devido ao problema, Silvio Santos deu todas as suas 44 empresas como garantia do empréstimo – inclusive a rede de TV e um hotel – e demitiu toda a antiga direção. Os novos diretores, apesar de terem garantido que o Panamericano já não tinha mais problemas financeiros, agora têm que recuperar a imagem de boa gestão do banco.
A cúpula do banco costura uma reação mais forte para voltar a atrair recursos de grandes investidores.
Na última sexta-feira, sócios e a direção do Panamericano tiveram uma reunião para traçar os próximos passos. Na mesa, além da nova diretoria, estavam o empresário Silvio Santos e a presidente da Caixa, Maria Fernanda Coelho.
Com a situação aparentemente um pouco menos conturbada, é necessário tentar reconquistar a confiança para que o Panamericano volte a captar em operações como as que envolvem os CDBs (Certificados de Depósito Bancário).
O CDB é um tipo de empréstimo ao contrário: aqui, quem dá o dinheiro é o investidor, e os juros cobrados pelo título é o rendimento pago pelo banco.
Um dos temas que mais demandou atenção foi a necessidade de retomar a captação de recursos em um ritmo comparável ao observado antes da crise. Com a crise, houve expressivo saque de recursos. A captação de recursos tem sido a principal dificuldade do Panamericano desde a descoberta da fraude.
Pessoas que acompanharam a investigação do banco explicam que, nos primeiros dias, foram registrados volumes expressivos de saques de aplicações, com média diária de R$ 200 milhões.
Se essa conta não virar, o caixa do Panamericano vai continuar diminuindo e, em último caso, será preciso novo aporte de recursos. Essa necessidade fica mais premente porque a concessão de crédito já retomou o ritmo anterior à crise. As unidades da instituição e lojas credenciadas têm fechado uma média diária de R$ 30 milhões em financiamentos.
Apesar das contas saneadas, especialistas do setor financeiro não descartam que o Panamericano possa acabar sendo vendido. O banco diz que a instituição "não está à venda".