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Pequenos bancos estão no limite para uso de captação de recursos via depósito

Quase a totalidade dos bancos de pequeno porte e mesmo algumas instituições financeiras de tamanho médio estão próximas do teto aprovado pelo Banco Central para captação de recursos via depósito a prazo com garantia especial (DPGE), título que conta com cobertura extra de até R$ 20 milhões por parte do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O instrumento foi criado na crise de 2009 para dar liquidez às instituições de menor porte.

A média de utilização é de 30,2% do limite permitido, segundo dados do próprio FGC, mas alguns bancos, especialmente os menores chegaram na capacidade máxima de emissão, que é de duas vezes o patrimônio de referência. "O instrumento ainda é significativo para algumas instituições", afirma o diretor-executivo do FGC, Antonio Carlos Bueno.

Apesar de ainda ser um opção importante, ele admite que aguarda a total extinção dos efeitos da crise para então avaliar se o depósito especial deve continuar existindo da forma que é hoje. Criado em março de 2009 como saída da crise, o instrumento não teve alteração mesmo com a melhora da liquidez dos bancos. Assim que "zerar a crise, talvez tenhamos de repensar o modelo", diz Bueno, ressaltando que ainda não há nenhum projeto para isso.

O risco da utilização excessiva, na visão dos analistas, é que esse é um instrumento criado para desafogar a liquidez em condições de aperto e, portanto, deveria ser usado em situações de crise, não como o principal veículo de captação de recursos.

Bueno, do FGC, pondera que nenhum dos 62 bancos que fizeram uso do DPGE estourou o limite e que já há uma queda da utilização. "Quem estava mais tomado, foi tendo resgates e vem reduzindo gradativamente a exposição".

Ele avalia ainda que o estoque total registrado na Cetip, na casa dos R$ 16 bilhões, já mostra certa estabilidade. "Nas últimas semanas o saldo parou de crescer. Isso me leva a crer que é o ponto de equilíbrio dos bancos e também do retorno dos mecanismos de captação tradicionais".

Praticamente todos os bancos de pequeno porte estão próximos do limite, avalia o diretor da Fitch Rating, Pedro Gomes. Entre os médios, a situação é discrepante. Alguns fazem uso intensivo, enquanto outros não emitiram nenhum DPGE.

O Cruzeiro do Sul já captou mais de R$ 2 bilhões em depósitos especiais, próximo do teto. Panamericano (R$ 1,896 bilhão), BMG (R$ 1,329 bilhão), Sofisa (R$ 385 milhões) e ParanáBanco (R$ 133 milhões), entre outros, também usam com mais frequência o papel, de acordo com dados dos balanços dessas instituições. BicBanco, ABC Brasil e Daycoval preferem os depósitos a prazo tradicionais e não emitiram DPGE.

Na avaliação do diretor da Fitch, o uso excessivo pode ser um problema para essas instituições financeiras no caso de um agravamento da crise europeia, por exemplo, ou de qualquer outro evento que restrinja a liquidez interbancária. "Acho que deveriam guardar um valor maior para se houver uma ruptura", afirma.

O instrumento é visto pelos investidores como um porto seguro em meio ao segmento de bancos de pequeno e médio portes e por isso tem a capacidade de atrair aplicadores mesmo em momentos de estresse do mercado. "O investidor, quando há rupturas, procura formas mais seguras e não teria receio de ir para o DPGE", diz Gomes.

Analistas do HSBC, em relatório para clientes, afirmam que as posições de liquidez continuam sólidas, mas apontam que a "principal preocupação dos investidores se refere à disponibilidade e os custos crescentes das fontes de captação, especialmente para os bancos desse segmento, que têm mais dependência de cessões de crédito e depósitos a prazo DPGE".

A opção pelo DPGE se mostra mais vantajosa para essas instituições menores pelo custo. Na avaliação do HSBC, as outras fontes potenciais de captação são mais caras, como as cessões de crédito locais, especialmente de empréstimos consignados. O custo médio das cessões de crédito é cerca de 120% do CDI contra 113% do DPGE, diz.

http://www.contrafcut.org.br/noticias.asp?CodNoticia=22450 

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