Saldo do que o país vende e compra de outros países está negativo em R$ 67 bi no ano
As contas de negócios do Brasil com outros países tiveram resultado negativo no mês de outubro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (23) pelo Banco Central.
No mês passado, o saldo negativo foi de R$ 6,39 bilhões (US$ 3,7 bilhões). Com isso, de janeiro a outubro, os negócios ficaram negativos em R$ 66,95 bilhões (US$ 38,76 bilhões), ou 2,37% do PIB (produto interno bruto, ou soma das riquezas produzidas no país), mais que o dobro do registrado em 2009, quando o rombo de janeiro a outubro ficou em R$ 26,05 bilhões (US$ 15,08 bilhões), ou 1,22% do PIB.
Nessas contas estão incluídos os resultados da balança comercial brasileira (saldo de tudo o que o país vendeu e comprou no exterior), além de serviços importados e exportados e as rendas obtidas no exterior por brasileiros ou no Brasil por estrangeiros (que resultam em remessas). O indicador é um dos principais do setor externo brasileiro.
O resultado do investimento estrangeiro direto em outubro foi de R$ 11,69 bilhões (US$ 6,77 bilhões), ou 1,83% do PIB. Investimentos estrangeiros diretos são investimentos que financiam a produção no país. Metalurgia e mineração foram os setores com a maior entrada de recursos.
Este foi o melhor resultado de investimentos diretos para os meses de outubro. Esse dinheiro que entra no país ajuda a melhorar o resultado das contas externas.
Para o ano
Apesar do resultado até outubro, o Banco Central manteve a estimativa de déficit de R$ 84 bilhões (US$ 49 bilhões) para o saldo das transações correntes no ano. Se o resultado se concretizar, o rombo das contas externas irá superar o maior da série histórica do BC, de R$ 57,69 bilhões (US$ 33,4 bilhões), registrado em 1998. Para 2011, a previsão é de rombo ainda maior, de US$ 60 bilhões.
Economia forte
De acordo com o Banco Central, o desempenho das contas externas brasileiras é reflexo do bom momento da economia brasileira e do dólar barato. Com o mercado interno aquecido, as empresas brasileiras importam mais insumos e máquinas para ampliar a produção.
Além disso, o dólar barato estimula a entrada de produtos importados para serem vendidos aos brasileiros. O dólar baixo ajuda ainda a aumentar os gastos dos brasileiros no exterior, que batem recordes sucessivos este ano. Todos esses fatores fazem com que o resultado da conta de todo o dinheiro que entra e todo o dinheiro que sai do país fique negativo. O chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, comentou os resultados.
– As contas externas, tanto na transação de bens e serviços como no afluxo de recursos financeiros, refletem nesse momento uma situação favorável da economia brasileira, principalmente comparado aos nossos parceiros.