Durante a reunião ficou claro que apesar de o Governo ter aumentado significativamente os investimentos em segurança pública, os bancos seguem na contramão; prova disso é que em 2009, os trabalhos dos setores táticos e de repressão ao crime organizado da polícia paraense levaram a prisão de 96 assaltantes de bancos. E agora em 2010, novas quadrilhas foram desbaratadas, sendo que a maioria atuava na região nordeste e sudeste do Estado.
Um levantamento feito pelo Sindicato aponta que somente nesse ano, 12 assaltos a bancos foram registrados no Pará, todos no interior do Estado. As estatísticas desse ano já correspondem quase a totalidade do ano passado, em que 14 ataques a bancos aconteceram em todo o Estado.
Já outro levantamento feito pela Segup revela que a ação dos criminosos, nos casos de assalto e sapatinho (sequestro de gerentes em suas residências para efetuar assaltos), concentra-se mais nos postos de atendimento bancário (PAB’s) da capital e agências do interior do Estado. Já os crimes de saidinha são em sua maioria registrados na região metropolitana de Belém, sobretudo no horário entre as 12h e 14 horas.
Os números poderiam ser bem menores se os bancos investissem na segurança de seus funcionários e clientes. No Pará, por exemplo, as leis de segurança bancária são diversas, mas poucas ou quase nenhuma são aplicadas e a argumentação por parte dos bancos para o não cumprimento das referidas leis são a quebra do padrão nacional de layout das agências e os custos para as adaptações exigidas, que seriam muito relevantes, apesar de ser de ciência pública que as empresas bancárias são as detentoras dos maiores lucros no país.
É raro encontrar alguma agência ou PAB com porta de segurança ou fachada blindada, como determina a Lei Estadual nº 7.013/2007 (que obriga a instalação de portas de segurança [giratórias] em todos os acessos destinados ao público, blindagem das portas e devida adequação das fachadas de vidro das agências).
Além disso, as áreas que dão acesso aos caixas, inclusive os eletrônicos, também são frágeis em segurança e deixam os clientes expostos a ação de criminosos. Por insistência do Sindicato em cobrar segurança também para essas áreas das agências, já é lei em Belém (8.766/2010) e em Ananindeua (2438/2010), a instalação obrigatória de barreiras físicas (biombos) em caixas e nos terminais eletrônicos, o que já ocorria somente no Banpará, mesmo antes da lei; e monitoração e gravação eletrônica de imagens através de circuito fechado de televisão da área externa das agências. Outra luta do nosso Sindicato é fazer com que os bancos destinem a posse das chaves das agências a empresas de segurança especializadas, e não mais aos bancários, como forma de combater os crimes de sapatinho.
Avaliação e encaminhamentos – O diretor jurídico do Sindicato, Sandro Mattos, avaliou como positiva a audiência com a SEGUP nesta terça-feira. Ele destacou o interesse do Governo do Estado em querer melhorar a segurança nos bancos em parceria com a categoria bancária, assim como os investimentos públicos na formação policial e na ampliação do efetivo tático para combater as quadrilhas que atuam no Pará.
“Essa parceria entre os bancários, a sociedade paraense e o Governo do Estado tem se consolidado desde 2008, quando formamos o Grupo de Trabalho de Segurança Bancária. De lá pra cá temos percebido o empenho, por parte do governo, em querer, de fato, melhorar a segurança nas agências. O que já não ocorre por parte dos bancos. E por isso, vamos continuar na luta para que os banqueiros também assumam essa responsabilidade e passem a investir seriamente em segurança”, comenta Sandro Mattos.
Até o final deste mês uma nova audiência sobre segurança, mais ampliada, deverá ser chamada pelo Sindicato e a SEGUP, com a participação da Polícia Federal, Polícia Militar e representantes dos bancos.
Fonte: Bancários PA/AP