Por um lado, ele alivia o colapso financeiro. Por outro, pode representar o estrangulamento total do orçamento familiar. O empréstimo consignado para aposentados é tido como vilão para alguns e mocinho para outros. Tudo depende do ponto de vista do devedor, que precisa avaliar as taxas de juros cobradas na transação e o destino que será dado ao recurso. Pelo menos é o que orienta o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnap), Benedito Lima, que considera o crédito descontado em folha de pagamento uma 'faca de dois gumes'. Para ele, o inativo deve estar muito atento às ofertas do mercado, que nem sempre acabam em uma boa negociação. Os aposentados, no entanto, estão apostando mais no empréstimo, e, somente no ano passado, foram concedidos aproximadamente R$ 30 bilhões em consignações a inativos, segundo dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
'Os empréstimos tanto podem resolver como atrair mais problemas. O que se observa é que muita gente lucra em cima disso. Tem aposentado pagando empréstimo que nunca fez', expõe. Lima assegura que diariamente são acolhidos pelo Sindnap diversos casos de reclamações contra as financeiras. 'As principais queixas giram em torno de juros abusivos e dívidas desconhecidas, normalmente oriundas de estelionatos', argumenta. Ele afirma ainda que são poucas as instituições financeiras que trabalham com seriedade. 'Observamos que alguns empréstimos são renovados sem a autorização do titular. Quando isso ocorre, acatamos a reclamação e encaminhamos a pessoa prejudicada ao nosso núcleo jurídico, que toma todas as medidas necessárias para resolver o problema', esclarece. O presidente do Sindnap conclui que é de fundamental importância para o inativo, observar, om calma, todas as cláusulas dos contratos, antes de fechar qualquer negociação. 'Apenas esse cuidado já pode eliminar uma série de mazelas futuras', sugere.
A pensionista Tereza Silva Nunes, de 65 anos, fez um empréstimo no ano passado, e vai pagá-lo nos próximos cinco anos. Ela é segurada do INSS há 18 anos, e se diz cliente de carteira das financeiras. 'Sempre respeitando o limite prudencial, de 30% da minha renda, utilizo há anos esta modalidade de crédito, sem nunca ter me argolado totalmente. É preciso saber utilizar o recurso, para não gerar um estrangulamento das contas', ensina Tereza.
Fonte: Portal ORM – www.portalorm.com.br – Jornal O Liberal