José Roberto Duarte, aposentado do BASA, eng.º civil, professor de matemática financeira, de mercado financeiro e de conhecimentos bancários. E-mail: robertoduarte2@oi.com.br
MANIFESTO 05/05 – Publicado em: 17/12/2010 e disponibilizado novamente em: 27/07/2012
O dia de pagamento da suplementação CAPAF é um dia amargo para a maioria dos assistidos. O que se recebe não é suficiente para pagar as contas. Lembro-me do início no BASA, que pagava o maior salário dentre os bancos oficiais e hoje é o que menos paga. Após 27 anos na ativa e 14 anos de aposentado, o BASA e a CAPAF decretaram a minha demissão, apenas por exercer o direito de não optar pelo plano novo. A pena é a suspensão do pagamento de meu benefício.
Naquela altura, em determinada ocasião, fui fazer um cadastro na antiga Mesbla, mas tinha vergonha de mostrar minha remuneração, pela admiração que causava, o que de fato aconteceu, pois a minha folha de pagamento foi mostrada para vários empregados daquela loja. Hoje continuo com mais vergonha ainda, pelo valor relativamente irrisório diante de vários outros salários.
Porque os salários do BASA chegaram a essa situação? O BASA vive permanentemente em crise de identidade. Não sabe se é banco de desenvolvimento ou banco de mercado. Há 40 anos defendo que o BASA não é banco de desenvolvimento, contrariamente ao entendimento da maioria dos empregados e das diversas diretorias que passaram e passam por aquela instituição. Na teoria não é banco de desenvolvimento porque este é banco estadual com denominação própria, cujo Estado é detentor da maioria de suas ações com direito a voto, não podendo dispor de carteira comercial, ou seja, tudo o que o BASA não é. O que o BASA faz são arremedos de desenvolvimento, principalmente através do FNO, que nada mais é do que um serviço prestado à União, com a agravante de o BASA responder pelas inadimplências, face não ter constituído um fundo próprio para tal fim e confundir a personalidade jurídica do BASA com a suposta personalidade jurídica do FNO. Por sua vez, não atua incidentemente como banco de mercado, embora esteja cadastrado no Banco Central como banco comercial. Apesar disso, o maior volume de receitas provém da atuação como banco de mercado, mesmo com a alocação de recursos para esse fim no menor nível. Essa dúvida não deixa que o Banco avance no mercado com o objetivo de obter resultados expressivos. Tanto a CAIXA como o BB já entenderam isso, mas o BASA continua com seu pensamento retrógado, apesar do avanço significativo dos mercados comuns no mundo inteiro. Nada impede que o BASA atue como banco de desenvolvimento, mas o foco principal é sua atuação como banco de mercado. Aliás, num brutal erro de marketing, sob argumentos pífios, mudou a sua logomarca de BASA para Banco da Amazônia, que nunca pegou no mercado. A sociedade entende que Banco da Amazônia é o Banco do Amazonas. No final do exercício o resultado aparece, na forma de lucro irrisório ou até negativo. Quem acaba perdendo são os empregados, cuja estrutura de cargos e salários é “imexível” e isso já vigora por muitos anos. Daí advém a falta de recursos para colocar em execução um novo plano, por sinal já confeccionado e refeito várias vezes. Muitos entendem que, por beneficiar os aposentados como se na ativa estivessem, o novo plano de cargos e salários não deve ser colocado em execução. Que mesquinharia!
A minha história dá respaldo para dizer tudo o que estou dizendo. Na ocorrência do primeiro déficit e dos demais apresentei soluções, sempre boicotado. Num dos últimos ENEBs pedi com antecedência um espaço de duas horas para explanar minha alternativa de solução para a CAPAF. Quando a agenda de painéis saiu, eu não havia sido contemplado com as duas horas. Ao reclamar, prometeram encaixar meu pronunciamento no painel da CAPAF, o que não aconteceu pois não fui chamado. Sentindo minha revolta, um dos diretores da AEBA me explicou que um certo grupo havia impugnado o meu pronunciamento. Porque não me disseram antes que o ENEB já estava loteado e com as cartas marcadas? Saí do plenário, mas à noite fui contatado pelo presidente da AEBA o qual cederia 15 minutos de seu tempo no domingo, naturalmente insuficiente para explanar tudo. Fiz um resumo sem os impactos das verdadeiras ocorrências do déficit. A partir daí nunca mais fui a ENEB nenhum. Aliás, em encontros dessa natureza, normalmente me inscrevia por primeiro para falar. Quando era dada a palavra para o plenário, apareciam várias pessoas na minha frente que falavam 15, 20, 30 minutos seguidos. Quando chegava a minha vez, alguém levantava uma questão de ordem e propunha o tempo do pronunciamento em apenas 3 minutos, logo aprovado. Fiz também expedientes ao Banco explanando as soluções, mas nunca recebi resposta. Enfim, sempre defendi o BASA e a CAPAF, mas agora é absolutamente inaceitável concordar com o novo plano, pelas razões expostas.
Atenção! Este é o último manifesto de um total de cinco. Se alguém se interessar pelos manifestos anteriores, pode pedir pelo meu e-mail, supramencionado.