Há menos de um mês atrás, mercado apostava em alta do juros em janeiro.
Previsão mudou após Copom indicar que juro deve permanecer estável.
O mercado financeiro prevê que a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, permaneça estável em 7,25% ao ano até outubro de 2013, quando deverá ser elevada, de acordo com as estimativas da maior parte dos analistas dos bancos, para 7,5% ao ano. A previsão consta na pesquisa Focus, conduzida pela autoridade monetária, na última semana, com mais de 100 instituições financeiras.
O levantamento feito pelo Banco Central mostra forte alteração nas expectativas do mercado financeiro nos últimos dias. Em 5 de outubro, menos de um mês atrás, a previsão da maior parte dos analistas dos bancos era de que os juros básicos da economia retomariam uma trajetória de crescimento a partir de janeiro do ano que vem – quando subiriam para 7,5% ao ano.
No dia 11 de outubro, porém, os economistas revisaram suas projeções e passaram a prever alta da taxa Selic em março de 2013. Já no dia 15 de outubro, o mercado alterou novamente sua estimativa, com o início do ciclo de alta da taxa Selic passando para agosto do ano que vem. Já no dia 18 de outubro, os economistas dos bancos passaram a prever aumento dos juros somente em outubro de 2013 (previsão que ainda permanece), ou seja, somente daqui a um ano.
Crescimento menor dos juros em 2013
Mesmo ainda acreditando em elevação dos juros básicos da economia no ano que vem, a intensidade do aumento também deverá ser menor, ainda segundo a previsão dos analistas. Em 5 de outubro, o mercado previa uma elevação de 0,75 ponto percentual, de 7,25% para 8% ao ano em 2013. Na semana passada, baixou a estimativa para os juros no fim do ano para 7,75% ao ano – o que pressupõe um crescimento menor na taxa básica da economia, de 0,5 ponto percentual, no decorrer do ano que vem.
Recado do BC e sistema de metas de inflação
A mudança na percepção do mercado financeiro sobre o início do ciclo de alta dos juros aconteceu após o BC ter baixado os juros para 7,25% ao ano neste mês, quando parte do mercado acreditava em manutenção da taxa, e ter informado que os juros deveriam permanecer estáveis por um "período suficientemente prolongado" de tempo. A ata do Copom informou, em outubro, que o corte de juros do início deste mês deveria ser o "último".
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para 2012, 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Em 2011, o IPCA ficou em 6,50% – no teto do sistema de metas do governo brasileiro. Para este ano, a previsão dos economistas é de que a inflação some 5,45%, novamente acima da meta central de 4,5%. O BC informou recentemente, porém, que o crescimento da inflação neste ano está relacionado com a alta das "commodities" (preços de produtos básicos com cotação internacional, como minério de ferro, alimentos e petróleo, por exemplo) e que, por isso, estaria buscandoconvergência da inflação para a meta "de forma não linear" (em anos subsequentes, e não em 2012).
A avaliação da maioria do Copom, para baixar os juros no começo deste mês, foi de que ainda "restavam incertezas quanto à velocidade de recuperação da atividade, em grande parte, decorrência das perspectivas de que o período de fragilidade da economia global seja mais prolongado do que se antecipava, com repercussões desinflacionárias sobre a economia doméstica". Com crescimento menor do PIB, também há, teoricamente, menos pressões inflacionárias.