Em que pese todo o alarde feito com as medidas de “redução” da taxa de juros, o Banco do Brasil e a Caixa não mudaram sua estratégia: continuam oferecendo crédito caro para os clientes de baixa renda e garantindo concessões para os clientes “Vips”, expulsando os pequenos correntistas das agências e empurrando-os para os correspondentes bancários. Segundo o próprio BACEN, o spread médio do sistema financeiro nacional continua sendo de 28% ao ano (taxa de 18,4% ao ano nos empréstimos para empresas e de 35,1% para pessoas físicas). O consumo segue sendo incentivado através do microcrédito. Não há política de investimento para gerar empregos e salários, pois o governo aposta no endividamento da população como forma de enfrentar a “retração” da economia. Dados revelam que metade das famílias já consomem 43% do orçamento para o pagamento de dívidas.
Como se não bastasse tudo isso, o governo segue mantendo o mecanismo que gera parte significativa dos ganhos do sistema financeiro via emissão de títulos da dívida pública. Hoje os bancos detêm, diretamente, 29,61% desses títulos e outros 27,52% deles são controlados pelos fundos de investimento. É por esta razão que tudo o que é economizado do orçamento da União – cortado de despesas com saúde, educação, etc. – vão diretamente para os cofres dos bancos.
É possível convencer os banqueiros privados a democratizar o sistema financeiro?
A CONTRAF/CUT defende que se convoque uma Conferência Nacional com representações do governo, dos banqueiros e dos trabalhadores para se construir um “projeto comum”. Defende ainda, como principal campanha, a bandeira de regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal. Temos uma certeza: é impossível “democratizar” este sistema financeiro, enquanto ele permanecer privado. Os bancos privados não custeiam a produção e infraestrutura. Especulam com a dívida pública (R$ 2,2 trilhões) tirando 35,6% do orçamento da União, mais que a educação (2,88%) e saúde (4,64%).
Devemos lutar -de imediato- pela taxação do lucro exorbitante dos bancos e direcionar os recursos para um plano de obras públicas e oficializar a pratica da mesma taxa de juros oferecida pelo BNDES às grandes empresas (8% ao ano) para os trabalhadores e pequenos proprietários, como resposta efetiva à “retração da economia”.
Esse passo inicial direcionaria a batalha pela total estatização do sistema financeiro, controlado pelos trabalhadores e organizações sociais para mudar essa realidade e direcionar os recursos para projetos de interesse da maioria, pondo fim ao enriquecimento absurdo de um verdadeiro cartel de famílias e grandes especuladores.
Com a estatização dos bancos é possível garantir investimentos sociais e na infraestrutura, poiso setor estatizado se garante o crédito barato a todos, o controle e a centralização do câmbio,impedindo a especulação, a fuga de dólares e a remessa de lucros para fora do país.
Por isso estamos construindo uma chapa de oposição ao sindicato. Acreditamos que é precisouma alternativa ao modelo que a atual direção defende e que reflete nas más condições de trabalho da categoria.Venha construir este projeto, juntos.
Bento José Dirigente do MNOB.