Citibank e Santander cobram percentuais mais elevados, segundo estudo da Proteste
Segundo o levantamento, o Citibank cobra a maior taxa. Logo atrás, aparecem o Santander e o HSBC, com Custo Efetivo Total de 234,64% e 234,06% ao ano, respectivamente. Para se ter ideia do tamanho da dor de cabeça, se um cliente utilizar R$ 500 da linha emergencial – considerando CET de 250% – e deixar a dívida rolar por um ano, ao fim de 12 meses estará devendo R$ 1.700, segundo a Proteste.
– Estamos falando de quase três vezes o valor original. É preciso evitar ao máximo o cheque especial e nunca ficar mais do que poucos dias. Se for necessário mais tempo, o melhor é pesquisar outros tipos de crédito que cobram taxas menores, como o consignado, e saldar a dívida — afirma Renata Pedro, técnica da Proteste.
BB e Bradesco têm as menores taxas
O menor juro do segmento está no Banco do Brasil (119,7% ao ano), seguido por Bradesco (199,78%) e Itaú Unibanco (215,01%). Os números da Caixa Econômica Federal (CEF) não foram obtidos pela Proteste, que levantou as taxas pela internet, acessando sites dos bancos como clientes. Segundo o Banco Central (BC), o juro médio do cheque especial da Caixa estava em 64,35% ao fim de dezembro.
Apesar das taxas extremamente altas, o saldo devedor dos brasileiros no cheque especial cresceu 16,3% no ano passado até novembro, segundo o BC, para R$ 21,2 bilhões. Para especialistas, o cheque especial, que deveria ser usado somente em casos de extrema necessidade, acaba sendo incorporado ao orçamento cotidiano por muitos brasileiros.
– A conduta dos bancos induz o consumidor a este entendimento. As instituições costumam listar o limite do cheque especial no extrato como parte do saldo. Mas isso ocorre em função da falta de conhecimento, pelos clientes, do que é realmente a modalidade – acrescenta Renata.
O cheque especial existiu fisicamente no passado: o cliente recebia um talão que tinha impresso “especial”. Era aceito mesmo que o valor emitido fosse maior que o saldo em conta, dentro de um limite pré-aprovado. O talão “especial” caiu em desuso – o do Bradesco , dos anos 90, virou peça de museu da Fundação Bradesco.
– Cheque especial hoje é simplesmente você ter um saldo negativo, seja porque sacou dinheiro, usou o cartão de débito ou emitiu um cheque acima do saldo disponível em conta corrente – explica Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finança (Anefac).
A nutricionista Fernanda Melo Nogueira, de 34 anos, descobriu, no fim do ano passado, que tinha saldo negativo de quase R$ 4 mil , sem nunca ter usado o dinheiro para compras. Quando contraiu um financiamento imobiliário, em fevereiro de 2011, abriu uma conta da Caixa para ter acesso a juros mais baixos.
Desde então, mantém os pagamentos em dia, como mostram boletins mensais enviados pelo banco. Contudo, ela esqueceu da tarifa de manutenção da conta, de R$ 24, que foi debitada na linha de crédito, que a nutricionista nem sabia ter. Em menos de três anos, as tarifas e os juros se acumularam.
– Nem queria ter cheque especial. Estava no pacote da conta – queixa-se. – Se o banco avisa que o financiamento está em dia, por que não alertou sobre esse débito? Tem gerente para quê?
Avisada de que seu nome iria para um cadastro de devedores, Fernanda correu ao banco, onde o gerente sugeriu que ela tomasse um empréstimo para quitar a dívida, que se expande a uma taxa de 7,5% ao mês. O jeito foi recorrer ao Procon, e agora ela tentará um acordo com a Caixa.
A Caixa informou que “entrou em contato com a cliente e esclareceu a situação da conta” e que “se colocou à disposição para a regularização da conta". O BB informou que “não estimula" o uso do cheque especial”. O Santander disse que a taxa é “adequada às condições diferenciadas do produto". O HSBC informou que “atribui taxas de juros em função do relacionamento com o cliente". Procurados, Citibank, Itaú e Bradesco não comentaram.
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