Por Gilson Afonso de Medeiros Lima.
Circula pelo Banco da Amazônia, segundo boletim da AEBA, um abaixo-assinado solicitando, não sei precisar bem, um “contrato” com a UNIMED pelo banco. Nem quero debater, a meu ver, o mal que isso causará a CASF, haja vista que, segundo minha opinião, qualquer “contrato” que torne perene a presença do “quadro novo” fora da CASF, significa a morte da CASF por inanição. Redução das vidas assistidas de forma mais radical, aumento dos custos via envelhecimento dessas mesmas vidas assistidas, etc.
Não me deterei sobre esses prejuízos, apesar de que precisamos debatê-lo com urgência. Matar a CASF significa perder direitos. Isso eu falo, mesmo não acreditando nessa nossa “autogestão”. Esse debate eu travo depois.
Eu quero falar primeiro é da UNIMED e do universo de operadoras de planos de saúde congêneres. Eu quero mostrar o quanto é um grande engodo cair nessa ilusão de que seria melhor um contrato desse tipo. Mostrar que essa proposta/reivindicação não seria problema para nossos gestores cheios de “boas vontades” com os empregados.
Primeiro quero dizer que existe uma crise nos planos de saúde e que a UNIMED está no coração dessa crise.
Segundo Janguiê Diniz em novembro de 2012 (ver aqui), “Em 2011, a ANS avaliou os planos de saúde brasileiros e o resultado não foi satisfatório. Cerca de 20 milhões de brasileiros tiveram planos considerados ruins ou medianos quando avaliadas a qualidade da assistência prestada, estrutura de atendimento oferecida, situação econômico-financeira e o atendimento. Esse número representa cerca de 45% dos usuários no Brasil. (…) a ANS suspendeu 268 planos de saúde, produtos de 37 operadoras, até readequação dos planos às exigências.”
Em outubro de 2013, Renato Riella (ver aqui) dizia, citando pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pela Associação Paulista de Medicina que, em São Paulo, em virtude dessa crise: “…cresceu em 50% a procura da rede pública, por falta de opção de atendimento por meio dos planos. (…)A principal queixa ouvida pelos pesquisadores do Datafolha diz respeito à sala de espera lotada em prontos-socorros, e à demora no atendimento, apontada por 66% dos entrevistados. O atendimento privado tornou-se tão precário quanto a realidade do SUS.”
Segundo, queria falar da UNIMED.
Vejamos algumas operadoras com Relação de Direções Fiscais em andamento pela ANS (ocorrência de anormalidades econômico-financeiras e administrativas graves) em uma lista de 2009 (veja aqui): Unimed Brasília/DF (que está falindo, veja aqui), Unimed Duque de Caxias/RJ, Unimed Guararapes/PE, Unimed Macapá/AP, Unimed Regional de Aracati/CE, bem como, recentemente a ANS decreta intervenção na Unimed Paulistana (veja aqui, aqui e aqui).
Quer dizer que é essa a saída que nos apontam? Quer dizer que o único critério seria uma “isca” com uma suculenta minhoca?
Eu entenderia uma saída oportunista/corporativista visando salvar a pele em detrimento dos interesses de outros que estivessem presos “por amor” ou por não conseguirem algo similar ao “Plano Família” e que, portanto, optariam por um plano mais barato, que não tivesse a cooparticipação de 30% em consultas e exames e deixassem que os outros se danassem. Se a verdade fosse só isso eu entenderia, mas não é.
É ignorância, desconhecimento do “noticiário”.
Montar um contrato com a UNIMED (por que não o Bradesco Saúde? CASSI?) é o maior equívoco. Além de ir ao encontro dos interesses da gestão do banco em baixar os custos de despesa com pessoal, haja vista sermos somente números em uma planilha, seria matar a CASF e morrer abraçados sem nenhum atendimento de saúde para os trabalhadores do banco e suas famílias.
Se existe uma solução nesse momento, nosso horizonte está no modelo BB, CAIXA e BNB. Ou seja, o patrocínio pelo banco. Não existe, a meu ver, outra saída, por mais difícil que seja conquistá-la.
Nem tudo que é “público” é bom e isso não significa defender privatizações. O SUS é público e é ruim. Não existe uma tentativa de privatização da CASF, ela já é, de fato e de direito, privada. Ela passa longe de ser algo administrado e controlado pelos trabalhadores e não será uma eleição que resolverá isso. Apesar de que a eleição de uma boa diretoria na CASF possa ajudar, é a luta, a organização e a coerência dos interessados que vai criar a possibilidade de algo melhor para o atendimento de saúde dos bancreveanos. Guardar ilusões com um novo plano que não saia da discussão, da pressão dos trabalhadores, bem como, guardar ilusões com um cheque em branco para qualquer diretoria eleita que não seja acompanhada por uma categoria mobilizada e organizada será somar mais derrotas.
Portanto não caia nesse canto da sereia que nem sequer é bonita.
Não assine esse abaixo-assinado.
Convido os colegas que estejam com esse intuito a fazermos um debate aberto e, se possível, gravado para postagem posterior na internet sobre esse assunto, com metodologia, mesa, lugar e pauta escolhida por esses mesmos colegas.
O assunto é muito importante e essas divergências não são feitas/alimentadas por inimigos e nem por pessoas mal intencionadas.