Aconteceu nos últimos dias 30 e 31 de maio o 20º Congresso dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), em João Pessoa (PB), para construção da minuta de reivindicações a ser apresentada ao Banco/governo para o início das negociações, com vistas ao Acordo Coletivo de Trabalho (ACT-2014/15). O congresso foi convocado e realizado pela Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) e comando nacional dos bancários.
Embora não sendo parte integrante do evento institucionalmente, em cumprimento a uma resolução da 45ª reunião do seu Conselho de Representantes, ocorrida em abril último, na cidade de Natal (RN), a AFBNB desde cedo procurou se inserir no debate. Assim, seus diretores participaram de diversos eventos preparatórios convocados pelos respectivos sindicatos, a exemplo dos encontros e assembleias para a definição dos delegados; elaborou documentos abordando os assuntos pautados, os disponibilizou nos seus veículos de comunicação, inclusive com um “banner” específico no site, e os entregou aos participantes no local. Esse foi o procedimento da Associação no sentido de se construir, como sempre procedeu, a democracia e a unidade na luta, na perspectiva da obtenção de conquistas para os trabalhadores do BNB, bem como para a própria democracia no âmbito do movimento dos trabalhadores e para a busca conjunta de solução para os problemas que afligem o Banco, tanto do ponto de vista institucional quanto referente aos direitos dos funcionários.
Alguns dirigentes da AFBNB participaram do referido congresso na condição de delegados eleitos na base, e outros por serem dirigentes sindicais, os quais se manifestaram quanto à responsabilidade dos participantes com os destinos do BNB e as condições de vida dos funcionários do Banco, pela democracia no evento e pelo reconhecimento da Associação enquanto entidade representativa dos trabalhadores do BNB, cuja ação só agrega à luta. Neste sentido, também levaram ao fórum a decisão dos conselheiros da Associação de que a Entidade deve buscar a interlocução para fins de restabelecimento do direito de representar os seus associados junto ao BNB nos processos de negociação coletiva. É oportuno lembrar que três anos atrás a Associação foi excluída de forma unilateral e burocrática da mesa de negociação, após 25 anos, ato autoritário que tolheu o direito dos associados de terem a sua entidade lhes representando nas discussões da campanha salarial junto à Diretoria do Banco.
Lamentavelmente não foi o mesmo espírito de democracia e de respeito apresentado pela AFBNB que pautou o grupo organizador do evento – Contraf/CUT e suas direções sindicais vinculadas (capitaneadas pelos diretores do Sindicato do Ceará vinculados ao grupo denominado “Articulação Sindical”) – ao encaminhar proposições que atentam contra a autonomia e a própria existência da Associação, inclusive contra uma conquista importante do movimento sindical, que é a liberação de dirigentes e o direito de consignação da contribuição dos associados da entidade na folha de pagamento.
Em meio a uma votação no mínimo questionável – uma vez que funcionários de outros bancos têm direito a voto, aberração que só se vê nos fóruns do BNB (no BB e na CEF, só podem ser delegados, funcionários dos respectivos Bancos, o que está coerente) – por uma diferença pequena de votos, aprovou-se a retirada da cláusula que garante a liberação dos dirigentes da AFBNB e o desconto em folha de pagamento das contribuições dos associados à entidade do acordo coletivo.
Embora a intenção desses “sindicalistas” seja a destruição da AFBNB e tudo o que ela representa – autonomia em relação ao patrão/governo e defesa coerente dos trabalhadores -, a medida em nada comprometerá a luta da Associação. Tentativas dessa natureza ocorreram anos atrás, na gestão de Byron Queiroz/governo FHC, sendo que a força da base e a luta da Associação venceram a tirania, prevalecendo, assim, a democracia. Ocorre que, lamentavelmente, desta feita, tal ato não se dá por vontade manifesta do patrão, pelo menos explicitamente, e sim por “sindicalistas” que dizem ter lutado contra isso, mas que agora praticam o mesmo ato tirano do algoz do passado. Isso não é atitude de quem defende trabalhador! Até mesmo se partisse do patrão era de se estranhar. Isso é comportamento de quem não sabe conviver com a democracia, com as diferenças e com respeito ao contraditório. É típico dos ditadores, dos fascistas ou de algo que o valha.
Não é demais lembrar que tais ataques também ocorreram nas últimas eleições da AFBNB, quando o mesmo grupo, que foi derrotado acachapantemente pelos funcionários do Banco, tentou desqualificar a Associação, atribuindo aos seus diretores supostos “benefícios” recebidos do Banco, uma tentativa de imputar aos mesmos, práticas que não lhes cabem. Todas elas, no entanto, foram superadas e desmoralizadas pela base. A história, o dia a dia de lutas, o resultado das urnas na última eleição, por exemplo, (mais de 70% dos votos, sendo mais de 80% no Ceará), a coerência da ação da AFBNB comprova isso.
É lamentável que esses ataques à Associação partam de quem deveria estar ao lado da entidade, para inclusive fazer jus ao discurso “da unidade”, que sempre é usado, o qual mais uma vez se mostra demagógico, falso, contraditório e por isso mesmo insustentável, bem como pelo fato de os autores, quando das eleições da entidade, sempre se proporem a dirigi-la. Certamente está aí, nessa prática míope, equivocada, antissindical, desagregadora e pró-patronal, a razão pela qual a base não permite que isso aconteça, sempre os rejeitando de forma impiedosa nas urnas. Que interesses há por trás disso (que não é de agora), tentativa de enfraquecer a AFBNB que só tem mostrado ao longo dos seus 28 anos de luta, seriedade, coragem e autonomia na sua atuação? A serviço de quem estão esses “sindicalistas”, por tal comportamento? Pelo visto, não resta dúvida de que dos trabalhadores é que não é.
Tais atitudes apenas ratificam que a AFBNB está no caminho certo; que ao incomodar o patrão/governo também incomoda os seus satélites – pelegos sindicalistas – não silenciando diante da negação dos direitos dos trabalhadores e questionando o desvio estratégico na atuação do Banco. Certamente vão querer agregar esse quantitativo ao seu exército de liberados. Mas, que autoridade e moral têm esses “sindicalistas” para reivindicarem liberações e a contribuição em folha para as entidades que dirigem? E o patrão, o que diz disso? Vai ser parte desse jogo político rasteiro, sujo e casuístico? Acredita-se, e é coerente que não seja assim, sob pena de dar margem para interpretação de que se trata de “coisa articulada”, o que não causaria muita surpresa diante do histórico de alianças entre os mesmos em processos eleitorais da Associação, por razões óbvias. “Quem viver verá”.
Aos associados (e demais funcionários do Banco), a AFBNB reitera o compromisso maior com a luta pela garantia e ampliação dos direitos dos trabalhadores do BNB e a defesa do Banco enquanto instituição de desenvolvimento, fundamental para a superação das desigualdades em nossa região e em nosso país. A Associação continuará o seu trabalho com autonomia em relação à gestão do Banco, cobrando sempre a responsabilidade da superior administração do BNB na solução dos problemas que afligem o corpo funcional, e na omissão destes, recorrendo às instâncias que forem necessárias. A luta é permanente! A Associação continuará firme, coerente, vigilante, sendo a “mosca na sopa”, doa a quem doer.
A Diretoria da AFBNB se solidariza com os funcionários que estavam no evento, e que, por não concordarem com esse abuso, foram submetidos a tamanho constrangimento. Mas também lamenta e repudia a atitude dos que se deixaram prestar a esse absurdo, colaborando assim para um desserviço à luta, à organização da classe trabalhadora, que é o que essencialmente tal ato representa.
Todo respeito à história de 28 anos de luta da AFBNB e aos seus associados!
A AFBNB ao lado dos trabalhadores!
Gestão Autonomia e Luta
A Diretoria
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Fonte: AFBNB | |
Última atualização: 03/06/2014 às 13:59:12 |