Extinção de departamentos e cargos, com redução salarial e caminho aberto à terceirização:
Precisamos nos mobilizar já!
Logo após a greve da categoria e a eleição presidencial, a diretoria do BB e o governo federal resolveram retomar o processo de reestruturação do Banco. No Crédito Imobiliário, mais um setor teve suas operações terceirizadas para a BB Tecnologia e Serviços (antiga COBRA), em Goiânia.O banco também pretende aprofundar o desmonte da CSL-Rio, cortando 50% da suas vagas em janeiro (hoje são cerca de 250 funcionários).
Agora, estamos passando pela reestruturação das redes GECEX (Comércio Exterior) e CSA (Suporte ao Atacado). Três unidades GECEX (Vitória, Caxias do Sul e Fortaleza), estão sendo fechadas. A parte operacional das GECEX de Recife, Rio de Janeiro, Campinas, Blumenau, Brasília e Porto Alegre serão desmontadas, o que significa que a dotação destas unidades vai ser reduzida em mais de 50%. Seguindo o modelo de outras reestruturações já realizadas, o operacional será concentrado em Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte. A reestruturação terá como resultado uma redução de 11% no número de funcionários, para falar somente das vagas que não existirão mais. Mas, com o processo de centralização, muitas vagas deixarão de existir nos atuais locais e serão abertas novas vagas em São Paulo, Curitiba e BH. Isso significa que, a muitos funcionários, está sendo dada a “opção” de, repentinamente, mudarem-se de suas cidades caso queiram manter suas comissões ou manterem-se na área de comércio exterior. No CSA vai haver uma centralização por tipo de operações, o que está levando ao fim do CSA Corporate, uma unidade localizada em SP com mais de 150 funcionários.
Além desta situação, que levará funcionários a ter que mudar de cidade, haverá uma redução salarial importante, pois a maior parte dos cargos das novas unidades será de assistentes plenos (6 horas), o que fará com que os atuais colegas que são Assistentes B (8 horas), tenham que migrar para o novo plano. Neste caso, o BB estaria rompendo com o acordado quando do lançamento do novo Plano de Funções, quando garantiu que nenhum funcionário seria obrigado a migrar para funções de 6 horas. A perda salarial de vários colegas será por volta de R$ 1000,00, um valor nada desprezível. Mesmo no caso dos funcionários que já migraram para o novo plano, existirá redução salarial em muitos casos, pois quando ele é promovido de Junior para Pleno, ele perde a verba de Ajuste do Plano de Funções, e a diferença no Valor de Referência da Comissão não cobre este valor. O BB deve ser a única empresa onde o funcionário é promovido e passa a ganhar menos! Por exemplo, se um colega migrou e exerce a comissão de Assistente Junior, recebendo uma verba de Ajuste de R$ 500,00, quando for comissionado assistente pleno perderá esta verba e, como a diferença das duas comissões é somente R$ 257,39, perderá R$ 242,61.
Fora esta questão, o banco resolveu criar uma unidade de automação para o atacado, paralela à DITEC. Isto significa que teremos assistentes fazendo o trabalho que hoje é realizado por analistas e assessores da DITEC. Mais um caso claro de desvio de função no BB.
Muitos administradores tentam acalmar os funcionários, dizendo-lhes que devem encarar a reestruturação como uma “oportunidade” para suas carreiras. Mas, diante de todo o exposto, não restam dúvidas: mais uma vez, estamos sendo atacados, tratados como números, sem o menor respeito. A chamada eficiência operacional significa funcionários trabalhando mais, em menos horas e recebendo menos para isto.
Mas os problemas vão além dos imediatos. Unidades segmentadas entre negocial e operacional e mais centralizadas facilitam processos de terceirização. A experiência do Imobiliário demonstra isto. Acreditamos que a terceirização do imobiliário é somente o começo de um processo que pode terminar espalhando-se para toda a área meio do banco.
Portanto, aqueles que não estão sendo atingidos agora, poderão sê-lo mais à frente. Perderá também a sociedade, que deixa cada vez mais de contar com um banco público com função social, como deveria ser o Banco do Brasil. As reestruturações, centralizações, terceirizações, desrespeito aos funcionários, etc., aproximam cada vez mais o BB de um banco privado.
Os dados publicados em reportagem de 03/11/2014 do jornal Folha de São Paulo são alarmantes. Na década de 80, éramos 1 milhão de funcionários contratados diretamente pelos bancos públicos e privados e 450 mil terceirizados. Hoje, a proporção é inversa: são 512 mil contratados diretos e 1 milhão de terceirizados.
O cenário é o oposto do que a presidenta reeleita, Dilma, expressou na carta para a CONTRAF/CUT:
“O primeiro e fundamental passo foi a valorização dos bancários, recuperando o valor dos salários com aumentos reais, aumentando o valor da PLR, preservando o emprego e aumentando o quadro de funcionários, restabelecendo direitos que foram retirados dos trabalhadores por governos anteriores e incorporando reivindicações do movimento sindical.”
Não existe o mínimo respeito entre a gestão do banco e os funcionários. Nossa única chance de derrotar este projeto é nossa própria mobilização. A CONTRAF/CUT precisa aprovar imediatamente um calendário nacional de mobilização das REDES GECEX e CSA e exigir a suspensão de todo o processo de reestruturação, até que o banco negocie com o movimento sindical uma proposta que garanta que nós, funcionários, não sejamos prejudicados. Deve ainda realizar plenárias abertas nos vários estados e uma plenária nacional emergencial com representantes dos funcionários envolvidos com o processo de reestruturação. Já temos uma manifestação marcada para quinta feira no Rio de Janeiro, cartas dos funcionários do Rio e de Campinas, exigindo que o banco reveja o processo de reestruturação, mas a CONTRAF tem a obrigação de garantir a unificação da luta e exigir que este governo, a quem eles deram o seu apoio, suspenda o processo de reestruturação.
MNOB-Movimento Nacional de Oposição Bancária/CSP-CONLUTAS