Banco da Amazônia

Juro do cheque especial sobe e segue no maior nível em 15 anos

Em outubro, bancos cobraram taxa média de 187,8% ao ano.
É o maior patamar desde abril de 1999 – quando estava em 193,6% ao ano.

Alexandro Martello Do G1, em Brasília

O juros do cheque especial continuaram subindo em outubro, e atingiram a marca de 187,8% ao ano, segundo números divulgados nesta quarta-feira (26) pelo Banco Central. Com isso, permaneceu sendo o maior valor desde abril de 1999, quando estava em 193,6% ao ano, ou seja, em mais de 15 anos.

Em setembro, os juros do cheque especial estava em 183,3% ao ano. Deste modo, a alta, em outubro, foi de 4,5 pontos percentuais. No acumulado deste ano, os juros cobrados pelos bancos no cheque especial, avançaram 39,9 pontos percentuais, visto que estavam em 147,9% ao ano no fim de 2013.

Economistas avaliam que o consumidor deve tentar evitar ao máximo o uso do cheque especial, por conta das altas taxas cobradas pelas instituições financeiras. Para eles, esta é uma linha de crédito para momentos de necessidade e deve ser utilizada por um período reduzido de tempo. Junto com o cartão de crédito rotativo (quando o cliente não paga toda a fatura), o cheque especial tem as maiores taxas de juros do mercado.

"A participação do cheque especial é bastante restrita em termos de estoque. [O volume emprestado no cheque especial pelos bancos representa] cerca de 3% do crédito para pessoa física. É uma modalidade de custo elevado. Deve ser usada com bastante parcimônia e em momentos muito específicos", avaliou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel.

Uso do cheque especial e inadimplência
Os dados do BC mostram que o uso do cheque especial também aumentou neste ano. Segundo informações da autoridade monetária, o estoque do crédito do cheque especial em mercado somou R$ 23,27 bilhões em outubro, com pequena queda frente a setembro (R$ 23,45 bilhões). No ano, porém, avançou 15%. Em doze meses até outubro, porém, a alta foi menor: 5,5%.

Os números do Banco Central também mostram uma subida da inadimplência das operações com cheque especial pessoa física, que atingiram 10,7% em outubro. Este é o maior patamar da série histórica do Banco Central, que tem início em março de 2011. Também está bem acima do patamar médio de inadimplência de pessoas físicas, que está em 6,4% em outubro.

Cartão de crédito
O Banco Central não calcula a taxa de juros média cobrada pelos bancos no cartão de crédito rotativo. Segundo a Associação Nacional de Executivos de Finanças, Contabilidade e Administração (Anefac), a taxa de juros somou expressivos 241,6% ao ano em outubro.

O uso da linha do cartão de crédito rotativo (modalidade de crédito que também têm juros abusivos), porém, avançou 15,1% neste ano e 13,7% em doze meses até outubro. A inadimplência do cartão de crédito rotativo, por sua vez, atingiu expressivos 36,8% ao ano – patamar muito acima da média de 6,4% de todas as operações bancárias com pessoas físicas.

"Há espaço ainda para avanços na educação financeira. Embora tenha um progresso nos últimos anos, há um histórico recente de inclusão financeira. Esse processo certamente demanda um processo de educação financeira, que já vinha ocorrendo, mas que deverá se estender por mais alguns anos", avaliou Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC sobre o aumento da inadimplência do cheque especial e do cartão de crédito rotativo.

http://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/2014/11/juro-do-cheque-especial-sobe-e-segue-no-maior-nivel-em-15-anos.html

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