O Banco da Amazônia é o gestor do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte – FNO. Sendo sua principal atribuição na engrenagem institucional da União Federal, a gestão do FNO tem sido base da existência da nossa instituição, o que por outro lado, engendra grandes desafios e responsabilidades.
A configuração interna para operacionalizar as diferentes etapas dessa gestão tem sofrido diversas modificações ao longo dos anos, muito embora sua estrutura básica não tenha sido alterada. A última grande mudança nessa área foi a contratação, a partir de 1997, de profissionais com formação superior específica, em sua maioria, engenheiros das diferentes áreas, também economistas, médicos veterinários, entre outros, com vistas a instruir os processos de concessão, acompanhamento e recuperação de créditos.
Não resta nenhuma dúvida que a contratação desses profissionais, sem demérito aos que já estavam no Banco, permitiu elevar significativamente o nível técnico das operações. Esses profissionais ajudaram a construir uma base de informações técnicas e procedimentais que permite hoje ao Banco aplicar níveis antes impensáveis de recursos. Avaliação, análise, acompanhamento, prospecção, recuperação, procedimentos, todos esses tornaram-se mais céleres, dinâmicos e qualificados.
Hoje, vendo o sistema funcionar, parece uma banalidade, está tudo pronto, a ponto da Diretoria pensar que pode retirar os profissionais do sistema sem que ele seja afetado. Que pode prescindir dos técnicos do quadro. Nesse circunstância, a proposta de Terceirização no âmbito da política de crédito do Banco, ou constitui uma temeridade sem precedentes, ou má fé, pura e simples.
Por birra, a Diretoria declarou guerra aos engenheiros do Banco, e esses melindres da diretoria podem comprometer bem mais que os engenheiros – podem comprometer o Banco e sua condição de gestor do FNO.
Que problemas a terceirização trará?
Inicialmente podemos afirmar categoricamente que a terceirização fragiliza o controle sobre etapas importantes do processo –o domínio real da situação das operações será transferido para agentes externos, nenhum deles sujeitos por contrato de trabalho com o Banco.
Em seguida, o processo de análise se tornará abstrato e burocrático, a mercê de informações incertas e ao manuseio de acordo com o interesse dos clientes. O processo de decisão gerencial ficará completamente no escuro. Os Comitês de Crédito podem ser mais prejudicados que os engenheiros, pois o processo decisório será obscuro. Porque num contrato de terceirização, a confiabilidade das informações será sempre mais precária. A responsabilidade dos Comitês de Crédito aumentará.
Com a entrada de mais um agente, ou “player” na linguagem da Diretoria, a empresa terceirizada, os custos de transação serão sempre maiores, às expensas do cliente. Hoje a equação de custo do acompanhamento é:
depois da terceirização será:
A princípio, os custos podem parecer menores em razão da redução dos salários, mas sua tendência será a elevação em razão da própria realidade amazônica.
Como não haverá ganho de eficiência, pela própria adição de mais um agente, os custos do Banco deverão ser maiores. Esse novo agente deixará o processo mais lento e, com isso, os clientes serão seriamente afetados.
A redução do âmbito de controle deve favorecer ações fraudulentas e expor ainda mais o Banco a riscos desnecessários. Com isso, haverá uma redução da eficácia e eficiência da aplicação dos recursos e, assim, toda a sociedade amazônica perde.
Nesse cenário, o Banco ficará ainda mais fragilizado e todos os empregados devem ser afetados. Assistiremos a críticas, denúncias e viveremos novamente o clima de ameaça de encerramento das atividades.
Uma ação sem justificativa
Se as equipes nas unidades têm garantido, ao longo dos últimos quinze anos, a aplicação da integralidade dos recursos, por que a Diretoria quer terceirizar? Qual a justificativa? Não vemos em que se apoio a referida medida, como não sabemos quais são seus objetivos? Trata-se de uma ação completamente desarrazoada.
Não esqueceremos os responsáveis
A maioria das Diretorias do passado não estava aqui para viver as consequências de suas ações, algumas delas quase liquidaram com o Banco. Desta vez, vamos fazer questão de apontar os responsáveis pela medida e deixar bem claro para a sociedade que eles são os responsáveis.
Infelizmente temos assistido em nível nacional, a aprovação do PL 4330 que legaliza essa medida, precisamos ampliar nossa luta, de um lodo, nos unir a outras categorias que lutam contra o Projeto de Lei e, de outro, lutar para que a Diretoria do Banco não implemente esse projeto.
Guerra Jurídica
A recente decisão do Congresso em retirar as estatais do escopo do PL 4330, coloca qualquer tentativa de terceirizar áreas de crédito, por parte da diretoria do Banco, na ilegalidade, uma vez que crédito, isto é, concessão, acompanhamento e recuperação constitui "área fim" de um Banco como o nosso. Isso significa que essa tentativa, certamente resultará em mais uma guerra jurídica.