SÃO PAULO – Os carteiros brasileiros estão entre as vítimas dodefaultda Argentina. O Postalis, fundo de pensão da categoria, viu um investimento de US$ 168 milhões, operado pelo Bank of New York Mellon, que tem títulos ligados à dívida à argentina na carteira, registrar perdas de 51%. A informação foi enviada na terça-feira pelo banco.
O Brasil Sovereign II Fundo de Investimento de Divida Externa FIDEX afirmou ontem que deu baixa em ativos entre R$ 185 milhões e R$ 197,9 mihões ao fazer provisões para aplicações relacionadas a títulos da dívida argentina. Contribui para a perda uma mudança no método de avaliação de investimentos, de acordo com o comunicado.
Essas aplicações, as notas de crédito, são um ativo estruturado com um derivativos embutidos e prometem aos investidores ganhos maiores do que se obteria de títulos de dívida convencionais. Em troca, implicam riscos de maiores perdas, que são disparadas em situações com um default.
O comunicado não identifica o Postalis como o investidor único do fundo, chamado de Brasil Sovereign II Fundo de Investimento de Divida Externa FIDEX, mas tudo aponta para a entidade. Porém, o fundo de pensão informa, em comunicados desde 2011 que investiu no fundo do Bank of New York Mellon.
Na época da aplicação, o fundo era gerido pela Atlantica Administração de Recursos Ltda. Foi passado para o BNY Mellon em março de 2012. Em agosto daquele ano, a Securities and Exchange Commission (SEC, autoridade reguladora de valores mobiliários dos EUA), processou o dono da Atlantica, Fabrizio Neves, por fraude ao sobretaxar os clientes em US$ 36 milhões usando taxas escondidas nas transações com notas estruturadas. A disputa foi encerrada em fevereiro deste ano. Neves não respondeu os e-mails.
Em nota, o Postalis informou que tinha aplicações de aproximadamente R$ 390 milhões no fundo, que previa a aplicação de pelo menos 80% do valor em títulos da dívida pública externa brasileira.
“Os títulos foram trocados por outros ligados à dívida argentina, à revelia do Instituto e contra o regulamento do Fundo”, diz o comunicado. “Desde que tomou conhecimento do assunto, a Diretoria Executiva contratou escritórios de advocacia no Brasil e nos Estados Unidos para a adoção de medidas jurídicas em defesa dos interesses do Instituto, que estão em curso em ambos os países”.
Criado em 1981 para garantir a aposentadoria dos funcionários dos Correios, o Postalis reúne 130 mil funcionários na ativa e aposentados dos Correios e tem patrimônio de R$ 8 bilhões. É o 14º maior fundo de pensão em ativos sob gestão, de acordo com relatório da Associação Brasileira das Entidades de Previdência Complementar (Abrapp) de junho do ano passado. A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), que regula o setor, e o BNY Mellon também não se manifestaram.
Fonte:http://oglobo.globo.com/economia/crise-argentina/fundo-da-postalis-perde-198-milhoes-com-calote-da-argentina-13512883#ixzz39euoznxd