Objetivo é que recursos saiam da economia e não pressionem inflação.
Ao emitir títulos públicos, governo aumenta a dívida bruta do setor público.
Do G1, em Brasília
O Tesouro Nacional informou por meio de nota à imprensa que emitiu nesta segunda-feira (4) R$ 40 bilhões em títulos da União, sem contrapartida financeira, para o Banco Central.
A emissão, informou o governo, tem por objetivo de manter a carteira de títulos da autoridade monetária em "dimensões adequadas" para a condução da política monetária (controle da inflação). Com estes títulos, o BC pode retirar valores do mercado disponíveis e evitar que eles tenham efeito de pressionar os preços da economia.
"A emissão é necessária para manter em equilíbrio as condições diárias de liquidez bancária, de modo que a taxa de juros de mercado (Selic) esteja em linha com a definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom)", explicou o Tesouro Nacional. Atualmente, os juros básicos da economia estão em 14,25% ao ano – o maior patamar em nove anos.
Recentemente, o governo injetou recursos no mercado ao realizar o pagamento integral, no fim do ano passado,de R$ 55,8 bilhões das chamadas "pedaladas fiscais"– atrasos de pagamentos aos bancos públicos por conta de subsídios concedidos e benefícios sociais. Para realizar esse pagamento, retirou recursos do chamado "colchão da dívida" pública, ou seja, da conta única do Tesouro Nacional.
Segundo o governo, porém, em janeiro já está prevista uma "ampliação sazonal" da liquidez do mercado. "Entre os fatores que contribuem para isso está o vencimento de títulos públicos em mercado em 1º de janeiro de 2016, no montante de R$ 141,9 bilhões. As emissões para recompor o chamado 'colchão da dívida' deverão ocorrer ao longo do primeiro trimestre de 2016, conforme programação", acrescentou o Tesouro Nacional.
Ao emitir títulos públicos, o governo aumenta a dívida bruta do setor público, um indicador olhado com atenção pelas agências de classificação de risco. No ano passado, o governo perdeu o chamado grau de investimento (um tipo de selo de bom pagador) de duas das três maiores agências de rating. Em novembro, adívida bruta somou 65,1% do PIB – patamar alto para padrões internacionais.
Alguns bancos já projetam a dívida bruta em 70% do PIB no futuro. O próprio Banco Central admitiu na semana passada que, considerando as previsões de mercado para PIB, câmbio, juros básicos da economia e inflação em 2016, além de um déficit primário de 1% do PIB (estimado pelos analistas para 2016), a dívida bruta somaria 71,5% do PIB no fim deste ano.