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Previdência é prioridade para Meirelles

ADRIANA FERNANDES E MURILO RODRIGUES ALVES – O ESTADO DE S.PAULO 10 Maio 2016 | 22h 17 ­ Atualizado: 10 Maio 2016 | 22h 20

Para provável ministro da Fazenda, reforma previdenciária é a pauta mais importante para melhorar a evolução das despesas públicas

Escolhido para comandar a equipe econômica do vice­presidente Michel Temer, o ex­presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, definiu a reforma das regras de acesso à aposentadoria como o principal “endereçamento” da sua gestão à frente do Ministério da Fazenda, que passará a incorporar a Previdência Social. O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que Meirelles já começou a discutir, nas reuniões em Brasília com a equipe de Temer, os detalhes da incorporação, que marcará uma mudança histórica na estrutura da Esplanada dos Ministérios.

O Ministério da Previdência foi criado em 1974, no governo de Ernesto Geisel, durante a ditadura militar, e fundido, em 2015, pela presidente Dilma Rousseff, com o Ministério do Trabalho. O provável novo ministro da Fazenda acredita que a junção das Pastas vai ajudar no encaminhamento da reforma, que precisa fazer. “É a pauta econômica mais importante para melhorar a evolução das despesas”, disse Meirelles a interlocutores. Pelos cálculos do Ministério da Fazenda, divulgados nesta terça­feira, 10, no primeiro relatório de Análise dos Gastos Públicos Federais, as despesas com benefícios da Previdência foram as que mais cresceram desde 2006 e as que mais contribuíram para a elevação dos gastos públicos. As despesas subiram de 6,9% do PIB em 2006 para 7,4% do PIB em 2015.

São as principais responsáveis pelo aumento da chamada rigidez orçamentária, processo que elevou o volume de gastos obrigatórios e que não podem ser cortados. Esse tipo de despesa obrigatória saiu de 13,8% do PIB em 2003, início do governo Lula, para 17,6% do PIB em 2015. No mercado financeiro, a mudança foi bem recebida, em contraponto à reação negativa dos movimentos sindicais. “Incorporar a Previdência à Fazenda seria ótimo. Taí uma medida que pode ir além do decorativo ou do corte de alguns cargos de confiança”, avaliou o economista­chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Monteiro. Ele sustenta que o desafio fiscal passa necessariamente pela Previdência, que costuma jogar contra o ajuste. “Que político quereria ser o ministro de uma reforma previdenciária pra valer? Assim, abre espaço para um técnico”, disse Monteiro. Conta.

Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, a proposta é “absurda”. “Temer está sinalizando que a Previdência é só custo, que pode ser colocada numa salinha do Ministério da Fazenda e tratada como mais uma das contas que a equipe dele vai cortar”, afirmou. O presidente da maior central sindical do País, ligada ao PT, promete impedir a junção nas ruas. “Antes mesmo de assumir, Temer já começa a mostrar suas garras contra os trabalhadores e aposentados”, disse. Sérgio Leite, primeiro secretário da Força Sindical, avaliou que, se Temer colocar em prática a junção, vai começar o provável governo desagradando os trabalhadores. “Na Fazenda, a Previdência vira um fundo contábil: se tem dinheiro, paga%u037E se não tem, corta os benefícios”. Até mesmo Ricardo Patah, presidente da UGT, ligada ao PSD, partido de Meirelles, vê com preocupação a medida. “É como colocar araposa para cuidar do galinheiro”, comparou. Ele diz que Meirelles compreende as necessidades macroeconômicas do País, mas pondera que a interlocução com o ministro da Fazenda para tratar do endurecimento das regras para acesso à aposentadoria e pensões “não é adequada” na visão dos movimentos sociais.

Fonte:http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,previdencia-e-prioridade-para-meirelles,10000050302?

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