Banco Central divulgou nesta quinta-feira a ata da última reunião do Copom.
No encontro, juro foi mantido em 14,25% ao ano, maior nível em 10 anos.
Alexandro MartelloDo G1, em Brasília
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central repetiu, por meio da ata de sua última reunião, divulgada nesta quinta-feira (16), que o cenário central com que trabalha ainda não permite trabalhar com a hipótese de "flexibilização das condições monetárias", ou seja, de redução da taxa básica de juros.
Na reunião, realizada na semana passada, o Copomdecidiu mais uma vez manter a taxa de juros (Selic) estável em 14,25% ao ano – o maior patamar em quase dez anos.
No documento divulgado nesta quinta-feira, a autoridade monetária explica que sua posição, de manter a taxa de juros, tem por objetivo reduzir a inflação aos limites estabelecidos pelo Comitê Monetário Nacional (CMN) para 2016, que é de até de 6,5% no ano. Além disso, a ata cita o objetivo de levar a inflação, em 2017, para o centro da meta fixada, que é de 4,5% ao ano.
"O Comitê reconhece os avanços na política de combate à inflação, em especial a contenção dos efeitos de segunda ordem dos ajustes de preços relativos. No entanto, considera que o nível elevado da inflação em doze meses e as expectativas de inflação distantes dos objetivos do regime de metas não oferecem espaço para flexibilização da política monetária", informou, por meio da ata do Copom.
Contas públicas
No documento, o Banco Central avalia também que, no que se refere ao resultado fiscal (das contas públicas) estrutural (que exclui receitas atípicas), o balanço do setor público encontra-se em "zona expansionista", ou seja com aumento de gastos. Recentemente, o governo conseguiu autorização do Congresso Nacional para um rombo fiscal recorde de até R$ 170,5 bilhões neste ano.
"Sobre o combate à inflação, o Comitê destaca que a literatura e as melhores práticas internacionais recomendam um desenho de política fiscal [relativo às contas públicas] consistente e sustentável, de modo a permitir que as ações de política monetária sejam plenamente transmitidas aos preços", acrescentou.
Previsão de inflação para 2016 e 2017
O Copom informou ainda que, no chamado "cenário de referência", que considera juros estáveis em 14,25% ao ano e câmbio inalterado em R$ 3,60 por dólar, houve aumento da sua projeção para a inflação em relação ao valor considerado na reunião anterior (realizada em abril), para 2016, mas queda para o ano de 2017.
Já no "cenário de mercado", que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros esperada pelos economistas dos bancos, a projeção de inflação para 2016 também subiu em relação ao valor considerado na reunião de abril, mas, para o ano que vem, houve recuo na estimativa. "Entretanto, as projeções encontram-se acima da meta de 4,5%, tanto para 2016 quanto para 2017", informou.
Mudança de comando na autoridade monetária
Essa reunião do Copom, realizada na semana passada, foi a última comandada pelo atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Ele já deixou o cargo e foi substituído por Ilan Goldfajn, indicado pelo novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Deste modo, a ata do Copom é considerado um documento antigo, feito pela diretoria anterior da autoridade monetária. Suas sinalizações, portanto, podem não se concretizar com a mudança na Presidência do Banco Central.
Sinalizações do novo presidente do BC
Durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, Goldfajn afirmou que buscará atingir a meta central de inflação, que é de 4,5% ao ano para 2016 e 2017. Com o intervalo de tolerância, o teto do sistema de metas é de 6,5% para este ano e de 6% o ano que vem.
"Quero cumprir plenamente a meta de inflação estabelecida pelo CMN [Conselho Monetário Nacional], mirando o seu ponto central. Os limites de tolerância servem para acomodar choques inesperados que não permitam a volta ao centro da meta em tempo hábil", declarou ele na ocasião.
O novo presidente do Banco Central, porém, ainda não informou se pretende tentar cumprir a meta central de 4,5% já em 2017, ou até mesmo se poderá adotar uma meta ajustada (mudando o objetivo central) para o ano que vem, retomando a busca pela meta central (que ainda não foi fixada pelo Conselho Monetário Naciona) somente em 2018.
Em meio ao fraco nível de atividade e ao aumento do desemprego, os índices de inflação têm mostrado queda. Com isso, o debate, neste momento, não é mais sobre a possibilidade de aumento de juros, mas sim quando o BC começará a reduzir a taxa básica da economia.
http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/06/bc-reitera-que-cenario-nao-permite-trabalhar-com-hipotese-de-reduzir-juro.html