O volume de crédito para a construção e aquisição de imóveis caiu 49,5% no primeiro semestre de 2016 na comparação com o mesmo período do ano passado – de R$ 44,8 bilhões para R$ 22,6 bilhões. Os dados – que incluem apenas os recursos da poupança – foram divulgados nesta terça-feira (26) pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Os números se referem aos recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo). Considerando apenas o volume de financiamento para aquisição de imóveis, a queda foi de 47,7% no valor financiado, para R$ 17,5 bilhões. Entre essas aquisições, o volume de financiamento para imóveis novos caiu 37%, enquanto para os usados o recuo foi de 60%.
O volume de financiamento para a construção de imóveis teve um recuo ainda maior, de 54,9%, a R$ 5,1 bilhões.
Piora nas expectativas para o ano
Em janeiro, a projeção da Abecip para 2016 era de que os recursos somassem R$ 60 bilhões para o crédito imobiliário (queda de 20,6% em relação a 2015). A expectativa agora é que a soma total seja de R$ 50 bilhões, o que representa uma queda maior, de 34%.
“Quando o ano começou, a gente começou não imaginou que o primeiro semestre seria tão duro quanto ele foi”, justificou o presidente da Abecip sobre a piora na estimativa.
De acordo com o presidente da associação, Gilberto Duarte de Abreu Filho, a queda do financiamento imobiliário com recursos do SBPE é reflexo do cenário econômico atual, com redução da oferta de crédito e queda da demanda por imóveis com na faixa do SBPE (com valor mais voltado à classe média).
Abreu Filho apontou que ainda não há projeção para 2017, mas a expectativa é de retorno do crescimento. Ele aponta que o mercado “aparentemente chegou no fundo do poço” em 2016 “e deve ressurgir em 2017”. “Não deve voltar a patamares tão elevados quanto os que tínhamos antes, mas devemos ter números maiores e crescentes”, disse ele.
Habitação popular
O volume de financiamento de imóveis com recursos do FGTS, ao contrário do SBPE, registrou aumento no primeiro semestre de 2016. O total passou para R$ 27,6 bilhões, um aumento de 1,3%.
“Esse mercado é diferente. A gente está nos pontos mais altos de financiamento da história. O mercado está muito aquecido nesse ramo, da habitação popular”, Abreu Filho.
Baixa inadimplência
A Abecip também divulgou dados sobre atrasos em prestações de financiamentos de imóveis. Segundo a associação, o crédito imobiliário é a linha com menor inadimplência do sistema bancário, e caiu para 1,8% em junho deste ano.
Abreu Filho credita o baixo índice à priorização pelas famílias aos pagamentos relacionados à casa própria. Foram considerados inadimplentes consumidores com mais de três parcelas em atraso.
Para comparação, Abreu Filho apontou que a taxa de inadimplência do cartão de crédito é de 8,4%, a de veículos, de 4,7% e a de crédito pessoal, de 4,4%.
Queda de 33% em 2015
No ano passado, o volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis caiu 33% na comparação com 2014.Foram destinados, no ano passado, R$ 75,6 bilhões em crédito imobiliáriocom recursos da caderneta de poupança dos agentes financeiros do SBPE.
http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/07/credito-imobiliario-com-recursos-da-poupanca-cai-49-no-semestre.html