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Ipea diz que queda de juros deve ser efetiva ‘com meses de defasagem’

Esperada queda de juros pelo BC pode ajudar na retomada do crescimento, mas seus impactos devem demorar para ser sentidos, segundo estudo.

O ajuste nas contas públicas, que o governo busca implementar por meio da PEC do teto de gastos, e o "afrouxamento da política monetária", ou seja, o processo de queda dos juros por parte do Banco Central, são necessários mas não "suficientes" para garantir a "retomada consistente do crescimento", diz Carta de Conjuntura divulgada nesta segunda-feira (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

"O esperado afrouxamento da política monetária, já comentado anteriormente, pode ser um 'driver' [condutor] da retomada do crescimento, porém seus impactos devem ser mais efetivos apenas com meses de defasagem. Como o ciclo de afrouxamento [dos juros básicos] deve ser gradual, seus efeitos sobre a economia ainda devem demorar a ser percebidos com mais intensidade", diz o estudo, assinado pelos analistas José Ronaldo de Castro Souza Júnior e Paulo Mansur Levy. O mercado prevê que a taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano, termine 2017 em 10,5% ao ano.

Segundo os autores do estudo, para que a economia volte a crescer de forma sustentável é preciso avançar também na agenda de reformas microeconômicas que ampliem a produtividade da economia como um todo. "A melhora do ambiente institucional é fundamental para atrair capital privado nacional e estrangeiro para investimentos de longo prazo, especialmente em infraestrutura", acrescentaram.

De acordo com o documento, dadas as "evidentes limitações orçamentárias" dos governos federal e dos estados e municípios, a atração de investimentos privados tornou-se a única alternativa. "Mais ainda, embora haja grande capacidade ociosa na economia de forma geral, a precariedade da infraestrutura brasileira já pode ser considerada uma barreira ao crescimento. Além disso, esse tipo de investimento tem importantes externalidades positivas ao restante da economia e pode ser um importante fator de crescimento para os próximos anos", informa o estudo.

Para os analistas do IPEA, outros temas importantes também devem estar presentes na discussão sobre a retomada do crescimento. São eles : a realização de uma reforma tributária, que reduza complexidade e as inúmeras distorções criadas pela a estrutura tributária atual; a alteração da legislação trabalhista, de forma a torná-la menos rígida; e o aumento do grau de exposição da economia ao comércio internacional por meio de uma abertura que estimule a melhora da competitividade das empresas instaladas no Brasil.

"Em suma, o crescimento da economia brasileira depende de uma série de mudanças estruturais, que foram seguidamente adiadas por fatores conjunturais, que permitiram que o país crescesse sem se tornar mais produtivo. Não será por meio de medidas simples de estímulos de curto prazo que o país voltará a crescer de forma consistente. O que se espera é que a gravidade da conjuntura atual seja capaz de evitar um novo e perigoso adiamento de tais mudanças", concluíram os pesquisadores.

Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/reformas-microeconomicas-e-estruturais-sao-importantes-para-crescimento-diz-estudo-do-ipea.ghtml

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