A afirmação controversa da manchete é do experiente jornalista Edir Gaya. Não satisfeito, ele completa sobre o assunto: “O jornalismo está na bacia das Almas da disputa por audiência em um mundo em que o meio agora é a própria mensagem”. Com 33 anos de profissão, a maior parte deles vividos dentro das redações do Diário do Pará e de O Liberal, os dois principais jornais do Estado do Pará, Gaya parte agora para uma nova incursão. Ele irá ministrar o curso “O Papel do Jornalismo na Era Digital”, que ocorrerá de 14 a 18 de outubro, de 15 às 17 horas, na sede da Associação dos Empregados do Banco da Amazônia (Aeba). A promoção do evento é da Appe2you, com apoio da Aeba, cuja sede está localizada na rua Ferreira Cantão, nº 42, no bairro da Campina.
Ao longo da prática do Jornalismo, esse sempre suscitou controvérsias, essência de uma área em que é imprescindível ouvir os dois lados da história. Hoje, na era digital, mais do que nunca é necessário debater o fazer jornalístico e é a isso, também, que se propõe o curso do jornalista Edir Gaya. O evento foi pensado para estudantes e profissionais de Jornalismo, mas, com o interesse cada vez mais atual na área por conta das mídias digitais, profissionais de todos os campos de atuação podem se participar. As inscrições devem ser feitas pela plataforma Sympla e os valores estão em R$30 para estudantes e R$60 para profissionais. O link direto para o evento no Sympla é o https://www.sympla.com.br/curso-o-papel-do-jornalismo-na-era-digital__667035. Vagas limitadas.
A jornalista Ivana Barreto, da Aeba, conversou com Edir Gaya sobre a visão dele a respeito do Jornalismo na era digital, se considera o curso atual e os diferencias de abordagem dos temas propostos, além da trajetória do jornalista. Acompanhe.
Qual a sua visão sobre o Jornalismo na era digital?
Edir Gaya – Como negócio é uma instituição em crise; enquanto função social é uma atividade que busca afirmar sua identidade em meio à barafunda dos avanços tecnológicos nos meios digitais que põem em xeque qualquer tipo de mediação, mas, ao mesmo tempo, a tornam essencial para a compreensão da realidade.
Considera este curso essencial?
Edir Gaya – Eu não tenho a pretensão de considerar essencial, no sentido de imprescindível, básico, mas certamente será uma boa oportunidade para compartilharmos experiências não só entre jornalistas e estudantes de Comunicação, mas também com pessoas de outras formações que se interessam pelas questões da Comunicação, da informação e do Jornalismo. Estamos vivendo há 25 anos profundas transformações na forma das pessoas se relacionarem com a vida e a informação é sempre um ponto nevrálgico, estratégico para definir as crenças, formas de conhecimento e Cultura, ou seja, tudo aquilo que nos torna o que somos e pode nos tornar melhores ou piores no futuro. O Jornalismo perdeu a sua hegemonia como intermediador entre a sociedade e o Estado e está na bacia das Almas da disputa por audiência em um mundo em que o meio agora é a própria mensagem. Acredito que precisamos conversar sobre isso e esse espaço proposto pela Claudia Aguilla e sua plataforma é uma boa oportunidade. Afinal, quem somos nós jornalistas na fila do pão do mercado de notícias? Vamos descobrir juntos?
Qual será o diferencial durante a abordagem dos temas?
Edir Gaya – Eu te confesso que essa é a minha primeira incursão nessa área, mas o jornalista não é o sujeito que sabe, mas o cara que sabe quem sabe. Então, eu estou recorrendo às fontes, disponíveis em leituras, vídeos, textos e, como eu disse anteriormente, conto também com a troca de experiências com as pessoas dispostas a conversar sobre os temas propostos. Acho que o diferencial é a minha experiência de mercado, mais da metade da minha vida atuando profissionalmente como jornalista me da condições de avaliar de forma crítica os parâmetros que balizam o mercado e as oportunidades e de que forma é possível exercer de forma digna a sua função social, como profissional de comunicação, sem ceder à tentação de tornar-se agora um mero servidor das métricas algorítmicas.
Conte sobre sua trajetória jornalística
Edir Gaya – Eu comecei a trabalhar em Comunicação numa agência de varejo, chamada Espaço Propaganda, em 1986. Era época do Plano Cruzado, um desses momentos bons de bolhas de consumo. Eu sou compositor e um dos donos da agência, Cacá Farias, é compositor e me recrutou num festival de música na UFPA. Mais tarde, o Edson Coelho, que era estudante de Jornalismo e também trabalhou lá, me chamou para um teste em O Liberal, em 1988. Passei e, desde então, comecei a ganhar a vida na profissão. Eu fazia o curso de Letras, na UFPA. Em 1990 fui aprovado em Comunicação, mas não concluí o curso, a família era numerosa e a luta pela sobrevivência me fez dar prioridade ao mercado. Em O Liberal cobri todo o processo de elaboração da Constituição Estadual, na ALEPA, em 1989, e da Lei Orgânica de Belém, em 1990, que me garantiram um aprendizado precioso sobre a organicidade do Poder Público. Depois fui redator, editor e editor executivo. Trabalhei também na TV Cultura e no Diário do Pará, assessorei sindicatos, entre os quais os dos bancários, metalúrgicos e químicos, trabalhei com marketing em campanhas políticas e atualmente atuo na Web Rádio JUS, a emissora digital do Tribunal de Justiça do Pará.
Fale sobre as curiosidades que vivenciou durante esta trajetória
Edir Gaya – A profissão de Jornalista encarna a curiosidade. Há uma rotina, mas você tem de cotidianamente exercitar a observação do que é novo dentre as novidades. Há muitas histórias em função do tempo de profissão e algumas delas servirão para ilustrar momentos do curso. Mas sinceramente agora não me ocorre nenhuma boa curiosidade que possa relatar de forma sintética.
Texto: Cláudia Aguilla, com colaboração de Ivana Barreto