A sociedade de Guiratinga e da região próxima foi surpreendida com a notícia do encerramento dos serviços da Agência de Guiratinga do Banco da Amazônia – BASA. Uma medida arbitrária, sem nenhuma discussão com os reais necessitários dos seus serviços, o povo de Guiratinga e o seu entorno.
Acreditamos que uma instituição de fomento, que opera com um recurso extremamente importante como o Pronaf e outros, recursos que podem, por suas taxas subsidiadas e por sua finalidade cumprir um papel de alavancagem dos empreendimentos tão necessários para a região. Ainda mais em um tempo especial oriundo de uma pandemia que assola todo o planeta.
Fechar uma instituição de fomento do desenvolvimento regional é um crime, agravado o critério de dolo por não ouvir os interessados.
Os argumentos que a agência não deu “lucro” são vazios e desprovidos de uma justificativa séria. Primeiro, porque o BASA não possui no seu objetivo primeiro “dar lucro” em todas as suas praças, ser sustentável do ponto de vista global e estar presente onde o desenvolvimento se faz necessário, para isso lembramos a missão do Banco: “Desenvolver uma Amazônia Sustentável com crédito e soluções eficazes”, e essa é sua função social mais importante, e nisso o BASA está muito bem, haja vista o lucro histórico de R$-275,48 milhões em 2019, superior em 152,4% superior ao exercício anterior e, só o primeiro trimestre, já afetado pela crise da Pandemia, tem R$-33,4 milhões de lucro. Segundo porque a agência vinha retomando sua sustentabilidade.
Nos últimos anos, com a crise econômica, a agência teve vários problemas com inadimplências. Porém, ainda que tenha fechado alguns exercícios em prejuízo, vem apresentando sinais de recuperação em seus resultados, onde no exercício 2019, encerrou com um prejuízo abaixo de R$-200.000,00 (duzentos mil reais), e já demonstra capacidade de resolução com algumas recuperações de grandes prejuízos de créditos em andamento.
No crédito comercial, também a agência atua como importante agente regional de concessão, tanto em empréstimos pessoais, para pessoas físicas, quanto para aposentados, tanto do INSS quanto do IPMG (Instituto de Previdência Municipal de Guiratinga). Na área de captação, a agência possui uma carteira de clientes com cerca de 6.000 Contas Correntes, além de aplicações e Contas Poupança.
Outra frente de atuação importantíssima desta agência, como agente de repasse de recursos do Tesouro Nacional, trata-se do apoio dado às comunidades carentes das zonas rurais dos municípios abrangidos, através do PRONAF-B, Microcrédito rural, que atende moradores destas áreas, muitas vezes ex-garimpeiros, que jamais teriam acesso a um crédito bancário assim como ribeirinhos, pescadores artesanais, rizicultores e criadores de pequenos animais, muitas vezes sem a documentação e a informação necessária, além da renda mínima, para um crédito maior.
Na mesma linha tivemos o apoio dado aos pequenos produtores, com as demais linhas como o PRONAF MAIS ALIMENTOS e o PRONAF-CUSTEIO, que financiou e financia principalmente a atividade pecuária nestes municípios, principalmente Guiratinga, Tesouro, Poxoréo e Pedra Preta que não teriam outro acesso se não fosse pelo BASA.
Mesmo em estado de recuperação, mesmo em dificuldades, perguntamos o “por quê?” ao BASA, aos seus gestores, como uma região necessitada de recursos pode ter uma agência que não atinja os seus “critérios” de sustentabilidade. Será que a região não precisa de uma agência de fomento do seu desenvolvimento? Ou será que a gestão dessa agência e do próprio banco não fez o dever de casa e querem esconder sua capacidade de fazer?
Movidos por essas respostas, nós, autoridades dos poderes executivos locais e parlamentares, empresários e trabalhadores, povo em geral de Guiratinga e região, abaixo assinados, nos posicionamos contra o fechamento desse importante posto de fomento e exigimos a retomada dos seus trabalhos, o fim do fechamento das contas dos clientes e a transferência da contratação de projetos em pleno exercício da liminar fruto da Ação Civil Pública 1000322-14.2020.8.11.0036, bem como, exigimos também, o investimento físico e humano para reerguer nossa Agência do BASA, que desde 15 de julho de 1956, se confunde com os monumentos históricos de Guiratinga e região.
A mídia local repercute a situação: