AEBA Assédio Moral Banco da Amazônia

Funcionários denunciam assédio moral e perseguição no Banco da Amazônia

Por Fabyo Cruz

19 de setembro de 2024

BELÉM (PA) – A Associação dos Empregados do Banco da Amazônia (Aeba) acusa a atual administração do Banco da Amazônia (Basa) no Pará por supostas práticas recorrentes de assédio moral e falta de apoio à saúde mental de seus colaboradores. À CENARIUM, o presidente da associação, Gilson Lima, criticou duramente a política de gestão de pessoas da instituição financeira, destacando um cenário alarmante de adoecimento físico e psicológico entre os empregados. Dois funcionários da instituição também foram ouvidos pela reportagem.

Lima garantiu que a perseguição dentro do ambiente de trabalho se intensifica em casos como o dos engenheiros do banco. Após vencer uma ação judicial coletiva para garantir o piso salarial da categoria, o grupo está há oito anos sem Acordo Coletivo de Trabalho. Segundo ele, a recente campanha salarial também foi marcada por práticas abusivas, incluindo ameaças e pressão psicológica sobre os funcionários.

“O adoecimento físico e psicológico dos empregados é uma marca da política de gestão de pessoas do Banco da Amazônia. Recentemente, um trágico evento, ocorrido durante o Setembro Amarelo, impactou profundamente os colegas do Basa. Mesmo não tendo comprovação de algum vínculo direto desse caso com os casos de adoecimento que crescem no Banco, esses eventos nos levam a refletir sobre como o trabalho e a política de gestão de pessoas podem afetar a vida dos empregados, bem como esse caso impactam o agravamento dos que já estão adoecidos”, afirmou Lima.

Um dos casos mais emblemáticos envolve uma funcionária, em Belém. Com dificuldades pessoais devido ao agravamento da saúde da filha, a mulher, que não quis se identificar, encontrou resistência ao solicitar a continuidade do regime de home office. Mesmo com laudos médicos comprovando a gravidade da situação, o gestor negou o pedido e ela enfrentou uma série de obstáculos até conseguir ser transferida para outra gerência, onde recebeu o apoio necessário para conciliar a vida pessoal e profissional.

“Apresentei o laudo médico ao meu gestor, solicitando que eu continuasse em home office, ao menos de forma híbrida, mas ele negou, alegando que as pessoas em home office não produziam o suficiente. Além disso, ele disse que, como o tratamento da minha filha era caro, eu teria que trabalhar ainda mais. Em determinado momento, ele insinuou que eu precisaria escolher entre o banco e a minha filha, o que me deixou extremamente abalada”, disse à reportagem.

Outro relato vem de um funcionário da instituição no município paraense de Dom Eliseu, localizado a 332 quilômetros de Belém. Após sofrer complicações graves de saúde, incluindo a remoção de parte do pulmão e um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico, o colaborador lutou durante meses para conseguir trabalhar remotamente. Mesmo com decisão judicial favorável, a instituição financeira teria resistido em atender às necessidades de saúde do homem, que também não quis ser identificado, agravando seu estado emocional e físico.

“Acredito que essa perseguição não é de uma única pessoa, mas sim de uma cultura dentro do banco. Inicialmente, pensei que fosse algo pessoal da gerente executiva de pessoas, pois cheguei a implorar ajuda a ela via WhatsApp, mas ela nunca me respondeu. No entanto, depois de conversar com outros colegas, percebi que esse comportamento é recorrente e faz parte de uma cultura de gestão no banco, que fala de bem-estar apenas da boca pra fora”, disse o funcionário.

A Aeba informou que os episódios envolvendo assédio moral e perseguição são reflexos de uma cultura organizacional que negligencia a saúde mental dos empregados, não oferecendo políticas adequadas de apoio e, muitas vezes, promovendo o agravamento das condições dos trabalhadores. Lima conclui: “A única transformação que o Basa tem promovido é a de transformar as vidas de seus empregados em um ciclo de doenças”.

CENARIUM procurou o Banco da Amazônia para comentar as acusações feitas pela Associação dos Empregados da instituição e pelos servidores da instituição. Até o momento não houve retorno. O espaço segue aberto.

Editado por Jadson Lima

Fonte: https://revistacenarium.com.br/funcionarios-denunciam-assedio-e-perseguicao-no-banco-da-amazonia/

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