Banco da Amazônia

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Pouco mais de 120 anos separam nosso país dos séculos de escravidão. E a discriminação racial ainda é um grave problema na sociedade brasileira. E na categoria bancária não é diferente. O Mapa da Diversidade, divulgado em julho deste ano pelas instituições financeiras, veio comprovar justamente as distorções que ainda precisam ser modificadas. 


Cerca de 78% da categoria bancária é composta por homens brancos, 16,7% são pardos e 2,3% negros. Os negros, além de minoria, também amargam os menores salários. O homem negro recebe 84% do salário do homem branco, enquanto a mulher negra recebe 68%. Os cargos de diretoria e superintendência são ocupados por apenas 5% de negros e pardos.

 

O Dia da Consciência Negra, celebrado todos os dias 20 de novembro, foi escolhido para lembrar o assassinato de Zumbi, líder do quilombo dos Palmares, que aconteceu em 20 de novembro de 1695. 

 

"O dia é resultado de uma série de mobilizações do movimento negro para ressaltar não apenas as contribuições culturais que os negros trouxeram ao país, mas para trazer à tona a reflexão sobre o papel de protagonismo que a população negra ocupou em nossa história. Muitas vezes as pessoas não lembram que os negros vieram de um continente já civilizado e, portanto, nos trouxeram um conjunto de saberes que não eram dominados pelos europeus", diz Giovanni Harvey, sub-secretário de Política e Ações Afirmativas da Seppir.

 

Segundo Harvey, um dos objetivos do Dia da Consciência Negra é tirar do foco apenas a lembrança da abolição da escravatura, celebrada em 13 de maio, para ressaltar os feitos da população negra, sintetizado na figura do Zumbi dos Palmares.

 

Dados

O Brasil é majoritariamente negro, conforme comprovam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo pesquisa do instituto, pessoas da raça negra representam 49,7% da população brasileira.

 

Apesar de ainda não ser possível notar essa maioria nos meios de comunicação, em cargos de visibilidade nas empresas ou nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, já são palpáveis algumas mudanças conquistadas pelos movimentos sociais nos últimos seis anos.

 

Ações afirmativas como o ProUni (Programa Universidade para Todos) e as políticas de cotas permitiram o aumento da inclusão por meio da elevação da escolaridade. Além disso, a lei 10.639, sancionada pelo governo federal em 2003, fez com que o ensino da História da África e da Cultura Afro-brasileira se tornasse obrigatório para os alunos do ensino fundamental nas escolas públicas e privadas.

 

Estatuto da Igualdade Racial

“No último período, principalmente a partir do governo Lula, o combate à exclusão racial aumentou. O Estado, que muitas vezes patrocinou a discriminação, passou a pagar uma dívida histórica pendente desde a abolição da escravatura, quando os escravos foram libertados, mas lançados à margem da sociedade, sem espaço no mercado formal de trabalho”, avalia Maria Júlia Nogueira, Secretária de Combate ao Racismo da CUT.

 

Porém, mesmo diminuindo, as desigualdades ainda persistem: os negros recebem 50% a menos que os não-negros na região metropolitana de São Paulo, segundo pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e da Fundação Seade. As taxas de desemprego também são maiores para negros em comparação às pessoas de outras raças (17,6% contra 13,3%) e nas empresas brasileiras, pouco mais de 3% dos cargos de chefia são ocupados por negros, segundo o Ibope e o Instituto Ethos.

 

Diante disso, a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial pela Câmara dos Deputados, em setembro deste ano, representa um grande avanço. Após quase uma década de luta, o projeto que ainda passará pelo Senado aponta mudanças significativas nas áreas de educação, saúde e trabalho.

Fonte: CUT, G1 e Seeb-SP

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