Cinco grandes bancos centrais anunciaram medidas para facilitar empréstimo entre os bancos até o fim do ano, reduzindo temores de nova crise de crédito.
Os mercados financeiros reagiram com otimismo nesta sexta-feira ao anúncio de cinco bancos centrais internacionais de medidas emergenciais para aumentar a liquidez para empréstimos, na esperança de que isso reduza os temores sobre as dívidas de países europeus.
As medidas anunciadas em uma ação coordenada pelo Banco Central Europeu, pelo Banco da Inglaterra, pelo Banco Central da Suíça, pelo Fed (banco central americano) e pelo Banco do Japão têm como objetivo garantir que os credores, especialmente na Europa, continuem a emprestar dinheiro entre si.
Os bancos centrais envolvidos anunciaram que vão oferecer empréstimos adicionais em dólar por três meses, a partir de outubro.
A ação visa conter os temores de que a crise provocasse uma paralisação nos mercados de crédito.
A crise é uma ameaça aos bancos, que correm o risco de sofrer grandes prejuízos caso os países europeus em dificuldades não consigam honrar os compromissos de suas dívidas.
Preocupação
A Grécia é o atual foco de preocupação dos investidores, e há crescentes temores de que o país não consiga pagar suas dívidas.
Isso deixou os bancos europeus relutantes em emprestar uns aos outros, criando o risco de problemas de crédito de curto prazo para os bancos mais expostos.
Após o anúncio dos bancos centrais, a cotação do euro subiu mais de 1% diante do dólar. O preço do petróleo também subiu, com a expectativa de um aumento da demanda com o crescimento econômico global.
A cotação do ouro, que vinha registrando grandes altas com a procura dos investidores pela proteção contra os riscos nos mercados financeiros, caiu.
As principais bolsas de valores asiáticas fecharam com fortes altas. Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei fechou com alta de 2,25%, enquanto a bolsa de Hong Konng subiu 1,43% e a de Seul subiu 3,7%.
Na Europa, a Bolsa de Frankfurt abriu em alta de 1%, a de Londres subiu 0,5% e a de Paris subia 0,2% na abertura.
Volatilidade
Nas últimas semanas, vêm aumentando os temores de que uma nova crise de crédito global prejudique empresas e consumidores.
'Cada vez mais eu acho que os bancos internacionais fora da Europa estão questionando os riscos envolvidos com os empréstimos aos bancos europeus', afirmou à BBC Rajiv Biswas, da consultoria IHS Global Insight.
Para Biswas, a decisão dos bancos centrais não poderia tardar mais diante da situação atual.
'Acho que a medida era muito importante para evitar os tipos de problemas que vimos em 2008, quando tivemos aquela crise terrível nos mercados de crédito, que foi realmente um grande fator negativo para as perspectivas econômicas globais', disse.
Apesar do otimismo com as medidas para conter os temores de curto-prazo, muitos analistas afirmam que a volatilidade nos mercados deverá continuar até que se encontre uma solução de longo prazo para os problemas.
Nesta sexta-feira, os ministros das Finanças europeus e o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, se reúnem na Polônia para discutir um plano para conter a crise na região.