Humilhações, constrangimentos e violência psicológica. Uma pesquisa realizada com mais de 1200 bancários em todo o país revelou que oito em cada dez funcionários são vítimas de assédio moral no ambiente de trabalho. Em abril do ano passado, a bancária Márcia Líbano, 28 anos, foi demitida pelo gerente-geral de uma dos maiores agências bancárias de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, por manter uma conta conjunta com a sua companheira, a comissária de bordo Fernanda Serpa de Oliveira, 34 anos.
Segundo a ex-funcionária, a perseguição do chefe durou cincos meses. "O gerente me chamou num canto longe de todos e disse que tinha descoberto que eu era homossexual. Desse dia em diante começou a me humilhar constantemente. Perguntou até quem era o homem da relação. Como eu utilizava a conta junto com a Fernanda, ele me acusou de movimentar quantias incompatíveis com o meu salário", lembra Márcia, que chegou a ser chamada na inspetoria do banco para se defender das acusações. "Foi humilhante demais. Tive que dizer para uma pessoa que eu não conhecia tudo sobre a minha vida. Que morava com outra mulher e que usávamos a mesma conta", diz.
A bancária chegou a solicitar a inclusão da companheira como dependente no plano de saúde oferecido pelo banco, mas teve o pedido negado. "Alegaram que não faria a inclusão porque faltava o contrato de união estável registrado em cartório", conta. Alguns dias depois, foi chamada pelo gerente e mandada embora sob a justificativa de contenção de despesas. Casos como esses são cada vez mais comuns pela falta de leis específicas. Márcia denunciou o assedio moral e entrou com duas ações na Justiça, uma na 8º Vara do Trabalho contra o banco, solicitando sua reintegração na função e outra, criminal, contra o gerente par injuria e danos morais. A próxima audiência esta marcada para o dia 28 de setembro.
Diretoria Executiva da CONTEC