Os trabalhadores dos Correios fizeram uma poderosa greve que teve uma duração de 28 dias. A greve foi para dissídio coletivo depois que a categoria, acertadamente, votou contrario a proposta do governo Dilma e contra a orientação da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (FENTECT). O resultado do julgamento no Tribunal Superior do Trabalho aprovou um acordo rebaixado e demonstrou a intransigência do governo Dilma e da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT).
O TST determinou o reajuste de 6,87% retroativo a 1º de agosto e aumento linear de R$ 80 a partir de 1º de outubro. Também foi aprovado vale extra de R$ 575 para dezembro, vale-alimentação de R$ 25 e vale-cesta de R$ 140. O TST determinou ainda que os trabalhadores voltem a trabalhar à 0h de quinta-feira, dia 13. Apesar de o Tribunal não ter considerado a greve abusiva, como queria a direção da ECT e Governo, os juízes autorizaram o desconto de sete dias parados (já foram descontados seis), e a compensação dos outros 21, que deverá ser feito aos sábados e domingos.
O TST tomou sua decisão apenas baseado na necessidade do governo Dilma e da direção da Estatal. A pauta dos Correios não teve avanços significativos. O piso pedido pela categoria era de R$1.635,00, e aumento real de R$400,00. Infelizmente, os juízes do TST tiveram como parâmetro somente a empresa e deixou de lado as necessidades mais imediatas dos trabalhadores dos Correios.
O Papel do Governo Dilma e do PT na Greve dos Correios.
A greve dos Correios e o dissídio mostraram que o governo não quer negociar com os trabalhadores. Com 10 meses de governo, Dilma não vem se importando com a pauta dos trabalhadores das estatais.
As duas propostas do governo e da direção da ECT foram recusadas pelos trabalhadores nas assembléias, contrariando a orientação da FENTECT, que pedia para que os trabalhadores aceitassem as propostas rebaixadas do governo. Após o dissídio o Secretário Geral da FENTECT, José Rivaldo da Silva (Talibã) declarou através, para o portal Terra que: “decisão da justiça não se contesta, se cumpre. Foi uma decisão dos próprios trabalhadores deixar o caso ir a dissídio. A greve não foi só uma questão salarial, é muito difícil trabalhar hoje nos Correios”. Ou seja para a FENTECT a responsabilidade é dos trabalhadores que não quiseram aceitar acordos rebaixados. Admite que as condições de trabalho nos Correios é difícil mas que a culpa de ir ao dissídio é da categoria.
Esse papel de ser o principal defensor do governo petista é o que leva várias categorias a derrotas consideráveis em sua campanha salarial. O PT no movimento sindical brasileiro cumpre a função de defender o governo e culpar os trabalhadores pela intransigência do governo Dilma.
Não foram os trabalhadores que pediram o desconto dos dias parados, foi o Governo Dilma. A Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, fez a seguinte declaração ao Portal Terra no dia 11/10: “Eles estão exercendo direito que é deles, e o governo tem uma posição a respeito dos limites fiscais e do ponto de vista do controle da inflação a respeito de aumento de salário. O presidente Lula sempre dizia que greve não é férias, que quando decide fazer greve, assume a conseqüência de não receber ou ter que repor de alguma maneira. (Desconto dos dias parados) é natural que aconteça”. Ou seja, todos os governos do PT, Lula e Dilma, possuíam a mesma política contra as greves e contra os trabalhadores.
No momento os setores petistas do movimento sindical precisam se posicionar contra o corte dos dias paradas, contra a política de reajuste real zero que Dilma vem sistematicamente impondo. A direção da FENTECT foi de colocar a culpa da intransigência do Governo Petista nos trabalhadores dos Correios.
A FENTECT cumpre o papel de auxiliar o governo Dilma. Quando responsabiliza a categoria pelo resultado do dissídio. A perspectiva é sempre salvar o governo e não mais as categorias em greve.
É preciso estar vigilantes, tanto com o governo como com seus auxiliares petistas no movimento sindical. Esses não se importam com os trabalhadores, somente com os seus próprios privilégios e cargos de confiança no governo petista. É vergonhoso ver um governo do PT fazendo ataques fortes aos trabalhadores, e ainda ter agentes nos sindicatos que defendem a vergonha que é o governo do PT para os trabalhadores. Basta ver de um lado a Ministra do Planejamento afirma que é “natural” descontar dias parados junto com o Ministro da Comunicação que afirmou para o Correio Brasiliense “Não podemos confundir greve com férias. Quem não trabalha não pode ser pago”, e por outro lado, José Sarney (grande amigo de Dilma e do PT) em entrevista para o Jornal Zero Hora que: “Quando a legislação diz que o presidente do Congresso tem direito a transporte de representação, estamos homenageando a democracia, cumprindo a liturgia das instituições”. Assim está o PT: com Sarney e toda a corja de corruptos, para criminalizar os trabalhadores que lutam por melhores condições de salário e emprego.