Enquanto os brasileiros foram obrigados a conviver cotidianamente com carências nos serviços públicos básicos, o governo destinou ao pagamento de juros da dívida, no ano passado, R$ 236,67 bilhões, 21,1% a mais do que o registrado em 2010. O valor recorde representa 5,72% do Produto Interno Bruto (PIB) e foi quase cinco vezes maior que a quantia gasta em investimentos no mesmo período. A soma seria suficiente para financiar, por dia, mais de 9,9 mil casas populares pelo programa Minha Casa, Minha Vida.
O peso dos juros levou o setor público consolidado — formado pelo governo central, estados, municípios e estatais — a fechar 2011 com um rombo nas contas públicas de R$ 107,9 bilhões, 15,2% maior do que em 2010 e equivalente a 2,61% do PIB. Apesar do deficit, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, considerou o resultado positivo. “Já sabíamos que a conta de juros seria elevada, refletindo a inflação mais forte e uma taxa média (Selic) mais alta ao longo do ano”, afirmou.
Maciel chamou a atenção para o cumprimento da meta de superavit primário (economia feita para o pagamento da dívida) no ano passado, o que, em sua opinião, reflete um bom desempenho fiscal. O governo poupou R$ 128,7 bilhões (3,11% do PIB), ante R$ 127,9 bilhões estipulados no Orçamento de 2011. “Alcançamos, com uma folga de R$ 800 milhões, uma meta que foi ampliada no meio do ano”, ressaltou.
Fonte: Correio Braziliense