O valor equivale a 4 mil francos suíços, ou 22 francos suíços (US$ 24,70) por hora de trabalho. Se aprovado, o primeiro salário mínimo do país também será o mais alto do mundo.
Atualmente, o ranking mundial é liderado por Luxemburgo (US$ 10,65), seguido por França (US$ 10,63) e Austrália (US$ 10,21). No Brasil, o mínimo mensal de R$ 724 reais corresponde a R$ 3,29 por hora (US$ 1,48). Os dados são da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para 2013.
"A grande questão na Suíça é o custo de vida, que é muito alto. Estima-se que o mínimo rendimento para uma vida decente no país seja de 3,8 mil francos suíços", explicou à BBC Brasil o economista brasileiro Guilherme Suedekum, que cursa mestrado em Estudos de Desenvolvimento Econômico no Graduate Institute, em Genebra.
Dados do governo da Suíça indicam que apenas 9% da população economicamente ativa, ou seja, 330 mil suíços, recebem salário mensal inferior a 4 mil francos.
O país também figura entre os mais ricos da Europa e resistiu incólume à crise econômica que abala o continente desde 2010. Grande parte do feito deve-se ao setor bancário, o mais lucrativo da Suíça.
"Do ponto de vista econômico, a proposta da adoção de um salário mínimo é mais prejudicial do que benéfica, mas do ponto de vista social, pode ser uma opção de desenvolvimento com menos pujança", afirmou Suedekum.
Segundo a União Sindical Suíça (USS), que propôs o referendo, a iniciativa promoveria um salário digno, distribuiria a renda no país e também ajudaria a diminuir a diferença de salários pagos a homens e mulheres (que representam a maioria entre os que recebem menos).
"Quero que meu filho possa sair da faculdade com a garantia de um salário mínimo que ao menos pague as contas dele", afirmou a vendedora suíça Barbara Martin, 43.
Grande parte dos imigrantes também vê com bons olhos a ideia do mínimo. "Dá uma sensação de mais segurança e é um valor alto, ao contrário do mínimo no Brasil, que não dá para nada", disse Larissa Ribeiro, manicure em um salão de Genebra.
Oposição
Por outro lado, os opositores sugerem que a proposta possa provocar uma disparada da inflação e do desemprego. "Como o mínimo é um indexador e serve de base para toda a economia, a tendência é de que ele puxe para cima os outros salários e os preços também", acrescentou Suedekum.
Em comunicado divulgado nesta semana, a Associação Suíça dos Empresários declarou que a aprovação de um mínimo seria uma medida "socialmente e economicamente fatal".
Segundo a organização, pequenos e médios empresários teriam dificuldade de arcar com os salários, principalmente em regiões menos abastadas do país, fora do eixo Genebra-Zurique.
"A Suíça tem uma economia estável, mas o salário mínimo fixo cria rigidez para as empresas. Não é possível, por exemplo, reduzir pagamentos no caso de uma crise. Como acontece no Brasil, a única solução acaba sendo demitir pessoal", explica Suedekum.
Pesquisa de opinião, realizada pelo instituto SSR e divulgada no último dia 7, indicava que 64% dos entrevistados eram contra a proposta do mínimo e 30% a favor.
Atualmente, dos 28 países da União Europeia, apenas sete não possuem um salário mínimo fixado nacionalmente: Dinamarca, Itália, Áustria, Finlândia, Chipre, Suécia e Alemanha.
A partir de janeiro de 2015, porém, Berlim também adotará um mínimo de 8,50 euros por hora (US$ 11,65).
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Alemanha aprova salário mínimo de 8,5 euros por hora
O conselho de ministros alemão aprovou esta quarta-feira o diploma que estabelece a entrada em vigor do salário mínimo de 8,5 euros brutos por hora. O diploma, que tem de passar ainda pelas duas câmaras do Parlamento alemão, deverá estar em vigor a partir de 15 de Janeiro, estando previsto um período transitório para a sua aplicação, para acautelar os casos em que os salários estão abrangidos por acordos laborais.
A partir de 2017, a aplicação será extensiva a todos os casos, com excepção de menores de 18 anos, estagiários em estágios inferiores a seis semanas, que sejam obrigatórios em termos curriculares, ou desempregados de longa duração nos primeiros seis meses de um novo contrato.
Esta alteração legislativa representa uma melhoria das condições salariais para cerca de quatro milhões de pessoas, garantiu a ministra do Emprego alemã, Andrea Nahles. Numa conferência de imprensa realizada em Berlim, a ministra disse esperar que aaplicação deste salário mínimo introduza "mais justiça" no mercado laboral e que se traduza em benefícios para a coesão social alemã.
A governante garantiu ainda que alguns sectores onde o trabalho sazonal é mais comum, como a agricultura, a hotelaria e a restauração, vão ter tempo para se ajustar ao salário mínimo.
Nahles desvalorizou as declarações de algumas confederações patronais que garantem que o novo salário mínimo introduz demasiada regulação e vai destruir empregos. Referindo-se à experiência alemã com salários mínimos já em aplicação em 13 sectores de actividade e à experiência noutros países europeus, a ministra garantiu que, “no imediato, não são esperados quaisquer efeitos no emprego, positivos ou negativos”.
Segundo o instituto de pesquisa económica alemão IWH, citado pela Reuters, pouco mais de um décimo dos trabalhadores na Alemanha Ocidental ganha menos do que 8,5 euros por hora, contra um quarto dos trabalhadores na Alemanha Oriental que ganha esse valor.
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