O Banco do Brasil (BB) não visa, no momento, à compra de nenhum banco, além dos que estão em negociação: Banco do Estado do Piauí (em processo de incorporação), Nossa Caixa, de São Paulo, e Banco Regional de Brasília (BRB), com negociações em curso.
A garantia foi dada nesta quarta-feira (22/10) pelo vice-presidente de Finanças do BB, Aldo Luiz Mendes, ao explicar os efeitos da Medida Provisória 443, que permite ao BB e à Caixa Econômica Federal participar da compra direta ou fusões e incorporações de bancos, em igualdade de condições com bancos comerciais.
A edição da MP 443 gerou especulações de que os bancos públicos estariam prestes a adquirir instituições bancárias, como forma de "arrumar" o Sistema Financeiro Nacional (SFN) para enfrentar melhor a crise financeira mundial. Aldo Mendes disse, entretanto, que "essa é uma leitura imediatista da medida provisória".
Segundo Mendes, a MP se insere mais numa visão de potencialidade. Ele disse que "a medida apenas se antecipa a um movimento que pode vir a acontecer", como ocorreu nos Estados Unidos e na Europa, com incorporações e compras de bancos e seguradoras.
Ele afirmou que a legislação vigente não permite que BB e Caixa participem de eventual processo de absorção de bancos comerciais. "Estaríamos, pois, alijados de um processo que poderia ser muito bom para o banco, se fusões viessem a ocorrer".
Cauteloso, falando sempre no condicional, Aldo Mendes ressaltou que, "em momentos de liquidez concentrada, quem tem dinheiro dá as cartas do jogo". Ele lembrou que o BB pode dispor de pelo menos R$ 5 bilhões da liberação do compulsório bancário, e "seria ruim ficar de fora do processo, por uma questão legal".
O vice-presidente de Finanças do BB disse que, diferentemente das crises anteriores, nascidas em países emergentes, o problema agora vem do centro do sistema financeiro. O fato de não estarmos no "olho do furacão nos dá a vantagem de poder tomar algumas medidas de precaução, e nos anteciparmos aos acontecimentos", afirmou.
Mendes disse que esse foi o caso em que o Banco Central atuou para liberar parte do compulsório bancário (recolhimento que os bancos são obrigados a fazer de parte dos depósitos para que o governo tenha melhor controle sobre o dinheiro em circulação). Citou também a agilidade com que o BC atuou na realização de leilões de dólares para atender as exportações, além da permissão do Conselho Monetário Nacional (CMN) para operações de redesconto bancário.
"Foram todas medidas que se anteciparam de alguma forma às necessidades do mercado, e acho que o governo fez muito bem em soltar essa medida [MP 433}, porque, em caso de eventual movimentação no sistema bancário, poderemos disputar em igualdade de condições com os demais bancos. Não queremos ficar de fora de eventual onda de compra, se vier a acontecer", acrescentou.