Banco da Amazônia

ARTIGO: o Banco da Amazônia para a Amazônia





                                                                                                   por Arilson da Silva*

 

Desde os meus 13 anos quando dei meus primeiros passos na pastoral da juventude da Igreja Católica ouço falar em desigualdades sociais, concentração de renda e nas palavras denunciantes do Papa João Paulo II: “são ricos cada vez mais ricos à custa de pobres cada vez mais pobres”. O tempo foi passando e na juventude, militando nos movimentos sociais, me tornei bancário e por conseqüência da militância na Igreja virei sindicalista.

Penso que a responsabilidade agora é maior: defender a qualquer preço os interesses dos trabalhadores, seja intra categoria ou na sociedade como um todo. Acho que estamos fazendo muito bem a defesa dos trabalhadores, mas precisamos avançar no debate com a sociedade. As discussões que dizem respeito ao papel dos bancos os públicos e a importância do crédito acessível e mais barato devem ser ampliadas, principalmente, em sua atuação nas áreas amazônicas (local que tanto precisa de desenvolvimento sustentável), Centro-oeste e Nordeste, onde se concentra a maioria dos “sem nada” deste País. Por esta razão, é fundamental uma política de crédito para essas regiões.

Para que as atividades econômicas se desenvolvam é necessário o fomento do crédito barato sem burocracia e que privilegie, principalmente, os médios e pequenos empreendimentos, que são maioria dessas áreas. O banco para a região nós já temos, mas precisamos que ele seja dirigido necessariamente para o fomento da Amazônia.

Recentemente, fomos surpreendidos com um pacote de medidas reestruturais no Banco da Amazônia, que afirma ter algo bom para maioria dos seus empregados e que o torne um banco especial para região, isso ainda não foi detectado nem pela associação e nem pelos sindicatos que são os legítimos representantes dos funcionários. Porém, o que chegou a nós foi o medo causado pelo descomissionamento, transferências com poucas opções aos funcionários, vendas de produtos e formação de carteiras para gerar lucros maiores.

Dentro do banco parece não haver espaços para mudar essa realidade. Então, nos resta dialogar com a sociedade, que precisa exigir junto com os sindicatos e trabalhadores um banco público de verdade em que o lucro seja gerar emprego, renda, desenvolvimento sustentável, que ajude a conservar as florestas, a biodiversidade, a agricultura familiar, o incentivo ao pescador, enfim, que ajude a desconcentrar a renda.

Precisamos debater e modificar o artigo 192 da constituição federal que trata da regulamentação do sistema financeiro nacional, disciplinando os bancos, o crédito e o fomento para o desenvolvimento do Brasil. Precisamos fortalecer o Banco da Amazônia, este banco criado em 1942 com musculatura e capacidade de desenvolver a Amazônia para a Amazônia, para meu país e para todo o planeta.  

 

*Arilson da Silva é presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários e do Ramo Financeiro do Estado de Mato Grosso (SEEB-MT) e bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal de Mato Grosso.

 

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