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Fusões de grandes bancos agravam diferença salarial, diz pesquisa







Por Tatiana Resende (Folha Online)


As fusões dos grandes bancos privados acentuaram a redução na remuneração média dos trabalhadores admitidos no comparativo com o salário dos que foram desligados do setor. A diferença, que era de 38,02% no primeiro semestre de 2008, subiu para 46,82% nos primeiros seis meses deste ano, de acordo com estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgado hoje.


Entre janeiro e junho, os funcionários contratados ganhavam, em média, R$ 1.928,92, enquanto os que saíram do emprego recebiam R$ 3.627,01. "O banco contrata os mais jovens e acaba promovendo os funcionários internamente", afirma Miguel Huertas, economista do Dieese que compilou os dados do Caged (Cadastro Geral de de Empregados e Desempregados) para a Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), ligada à CUT (Central Única dos Trabalhadores).


O estudo mostrou que o setor bancário fechou 2.224 vagas no primeiro semestre deste ano, sendo 1.925 postos no Estado de São Paulo, onde fica a maioria das sedes das instituições financeiras. O saldo negativo no país é decorrente da contratação de 13.235 pessoas e o desligamento de 15.459 bancários.


"Sem as contratações dos bancos públicos, esse resultado seria pior", comenta Huertas. De acordo com o economista, o Itaú Unibanco fechou 5.026 vagas no primeiro semestre, e o Santander Real, 1.000.


Em igual intervalo do ano passado, mais funcionários saíram do emprego (20.352), porém 29.106 foram admitidos, resultando no acréscimo de 8.754 postos. Para Marcel Barros, secretário-geral da Contraf, as demissões são desnecessárias. "Os bancos não estão tendo prejuízo. Isso se reflete diretamente no atendimento da população", diz.


Entre os desligados neste ano, 61,3% foram demitidos sem justa causa. Em 2008, a proporção havia sido bem menor (46,5%). Já o percentual dos que pediram dispensa do emprego caiu de 40,5% do total, em 2008, para 31,8%. "Isso se deve ao momento econômico, já que havia mais oportunidades de trabalho no ano passado", avalia Huertas.


Dos 15.459 desligados, 24,3% tinham 10 anos ou mais no emprego, e outros 35,9%, menos de dois anos de casa. Entre os 13.235 contratados, quase metade (45,11%) foi admitida no primeiro emprego, com remuneração média de R$ 1.630,57, e 40,6% tinham entre 18 e 24 anos de idade.


Fonte: Contraf-CUT com Folha Online

 

 

Categorias em campanha vão às ruas nesta sexta, Dia do Bancário, em São Paulo

 
Milhares de trabalhadores vão tomar as ruas das principais cidades do país nesta sexta-feira, dia 28 , para a Jornada Nacional Unificada de Lutas. O objetivo é reunir todas as categorias profissionais em campanha salarial neste segundo semestre para pressionar os patrões e colocar em destaque as bandeiras dos trabalhadores.


Para os bancários a jornada é ainda mais especial já que 28 de agosto é o Dia do Bancário. Em São Paulo, a CUT vai promover uma passeata, que sairá às 10h da sede da entidade (Rua Caetano Pinto, 575, metrô Brás) e vai até a Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal.

A Superliga dos Bancários e Os Irresponsáveis, heróis e vilões criados pelo Sindicato para a Campanha Nacional deste ano, estarão na passeata.


Responsabilidade


Além das reivindicações econômicas e trabalhistas, os bancários cobram dos bancos medidas que contribuam para o desenvolvimento do Brasil. Entre elas, a redução dos juros e spread e a ampliação do crédito, bandeiras desta Jornada de Lutas.?"Um dos problemas mais graves do Brasil hoje em dia é o spread. Os bancos ganham muito e atravancam o crescimento", afirma o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino.


O dirigente sindical destaca que os bancários cobram há tempos a redução do spread e que essa bandeira, tão importante, também será levada pelas outras categorias em campanha como metalúrgicos, químicos e professores.


Segundo pesquisa do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o spread no Brasil é o maior do mundo e equivale a 11 vezes o dos países desenvolvidos. Mesmo na comparação com os países em desenvolvimento, o spread brasileiro ainda é 5,5 vezes maior.


A desculpa dos bancos para as altas taxas é o risco de inadimplência, que, segundo a Febraban, é responsável por 50% da composição do spread. Mas, segundo o Banco Central, a taxa de inadimplência geral do brasileiro terminou o ano passado em 4,4%. Praticamente o mesmo índice dos países emergentes: 4%, de acordo com o Instituto de Finanças Internacionais.

"O governo fez parte do trabalho necessário reduzindo a taxa básica de juros (Selic) de 22% ao ano, em 2003, para 8,75% em julho deste ano. Mas os bancos no Brasil continuam campeões no spread. Por isso a redução dos juros é uma das bandeiras da campanha dos bancários. Taxas menores significam mais crédito para a economia e conseqüentemente geração de empregos. Um círculo virtuoso do qual os bancos insistem em não participar", comenta Marcolino.

Fonte: Seeb São Paulo

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