O Banco do Brasil recebeu, no último dia 13, uma autorização do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) para operar uma instituição financeira plena nos Estados Unidos. Com o aval, o BB espera concluir as negociações para adquirir um banco na maior economia do mundo até o meio do ano. A direção do BB também negocia a compra do argentino Banco Patagônia, que pode ser concretizada nos próximos meses.
Para o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ernesto Izumi, a ampliação da presença internacional do Banco do Brasil é positiva para o crescimento da instituição e deve fortalecer a economia brasileira no mundo. No entanto, o dirigente destaca que a atuação do BB em outros países tem sido marcada pelo desrespeito aos direitos dos bancários e pela exploração do trabalhador sem qualquer responsabilidade social.
"Os bancários do BB na Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai e Bolívia, por exemplo, têm sofrido muita pressão e assédio moral. O banco também tem achatado os salários e reduzido os direitos, além de impedir a livre organização, perseguir e demitir os funcionários sindicalizados e violar claramente a legislação trabalhista desses países. No final do ano passado, chegamos a realizar uma Jornada Internacional de Lutas para chamar a atenção da sociedade para a postura que o BB adota nos países da América Latina", ressalta Ernesto.
O Paraguai é um dos países que mais sofrem com a falta de responsabilidade social do Banco do Brasil. A direção da empresa tem utilizado práticas violentas na perseguição a sindicalistas, além de pouco contribuir para o desenvolvimento do país vizinho.
"Em 2007, por exemplo, os bancários paraguaios chegaram a iniciar uma greve geral no BB, após oito anos sem reajuste algum. Os colegas acumulavam perdas salariais que chegavam a 70%. Graças à intervenção e à pressão dos sindicatos no Brasil conquistamos naquele ano um reajuste salarial de 12,5% para os bancários do BB no Paraguai", conta Ernesto.
O dirigente destaca que os sindicatos brasileiros ligados à CUT estão acompanhando de perto as negociações internacionais do BB para proteger os funcionários em todos os países em que o Banco do Brasil atua. "Queremos que a empresa respeite e valorize os trabalhadores dos outros países, sem as práticas diferenciadas de bancos como o Santander e o HSBC. Queremos a globalização dos direitos e lutamos por isso", defende Ernesto.
Acordo global com BB
Diante dessa nova realidade, a Contraf-CUT propõe a abertura de negociações, visando a assinatura de um acordo marco global com o BB, a fim de assegurar direitos fundamentais aos funcionários em todos os países onde o banco atua. A UNI Finanças, o sindicato que representa cerca de 2 milhões de trabalhadores do setor financeiro no mundo, lançou nos dias 17 e 18 de março, em São Paulo, uma campanha mundial, buscando firmar tal acordo com o Santander e HSBC.
Na ocasião, durante a reunião da UNI Finanças, ocorrida no dia 19 de março, compareceu o diretor de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Sócioambiental do BB, Robson Rocha. Ele confirmou que o banco está analisando a proposta da UNI Finanças de firmar um acordo global. "O BB pretende atuar com muita força na América do Sul, nos Estados Unidos e na África, dentro do processo de internacionalização", afirmou.
"Esperamos que a direção do BB abra logo negociações com a UNI Finanças para construir um acordo global, como forma de respeitar os direitos e valorizar o trabalho dos funcionários no Brasil e no mundo", propõe o funcionário do BB e secretário-geral da Contraf-CUT, Marcel Barros. "É inaceitável que um banco público e fortalecido, como o BB, não estenda direitos fundamentais para todos os seus trabalhadores no planeta", concluiu.
Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo