O percentual de pobres caiu de maneira sustentável no Brasil entre 2004 e 2008 e, mesmo com a crise financeira internacional, o movimento provavelmente não foi interrompido em 2009, de acordo com a economista Sonia Rocha, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.
Ela apresentou ontem, no 22º Fórum Nacional, um estudo com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE, que mostra que a proporção de pobres no país caiu de 33,2% para 22,9% no período pesquisado.
O movimento contribuiu para a redução da desigualdade, mas teve impactos diferentes nas regiões brasileiras. No Sudeste, por exemplo, a queda no número de pobres foi de 35%, enquanto no Nordeste esse percentual foi de 27%.
A economista explica que o Sudeste, particularmente São Paulo, beneficiou-se mais do crescimento da renda no período, pois o principal fator que motivou isso foi a melhoria do mercado de trabalho e o aumento do salário mínimo.
Ela destaca que esse era um fato esperado, pois os grandes centros tendem a se beneficiar mais rápido do crescimento econômico, mas que contribui para aumentar a desigualdade entre regiões.
O trabalho mostra também que as famílias mais pobres foram as mais beneficiadas pelo crescimento.
No caso apenas desse grupo, o peso das transferências de renda no orçamento total familiar aumentou de 10% para 18%, o que mostra que programas como o Bolsa Família ou o Benefício de Prestação Continuada tiveram papel importante na redução da pobreza.
Isso não significa, diz ela, que a melhoria da situação financeira dos pobres se deu apenas por causa dessas transferências.
O peso da renda do trabalho ainda representa 71% do orçamento familiar desse grupo. O que o dado mostra é que as transferências cresceram em ritmo superior aos salários e às demais rendas do trabalho.
Como os dados consolidados de 2009 só serão divulgados em setembro, ainda não é possível saber se o movimento de redução da pobreza continuou mesmo durante a crise.
Ela, porém, aposta que a queda deve ter continuado, já que houve melhoria do salário mínimo, aumento das transferências de renda, e a crise, no período de coleta da pesquisa do IBGE (setembro), já havia passado por sua pior fase.