São Paulo – Nem todos sabem, mas os documentos entregues ao banco pelos clientes são manipulados fora das agências e departamentos das instituições financeiras. Isso é resultado do processo de terceirização dos serviços bancários promovido pelo setor na última década. O Sindicato promoveu ato nessa segunda-feira 2 em que alertou funcionários e clientes de agências do Bradesco e do Santander, no Centro, sobre essa situação fruto das terceirizações irregulares, que descumprem leis trabalhistas. Os dois bancos têm, juntos, 71% das ações da Fidelity, principal empresa que terceiriza serviços bancários no Brasil.
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Dirigentes sindicais percorreram agências e distribuíram uma carta ao cliente com informações sobre o processo de terceirização que faz com que trabalhadores exerçam as mesmas funções de bancários, lidem com senhas, números de cartões, efetuem transações bancárias, entre outras rotinas. Porém, esses funcionários são diaristas, sem nenhum compromisso formal com as instituições financeiras, ganham até três vezes menos que os bancários e trabalham em condições precárias.
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A população apoiou a manifestação: “Eles fazem isso para ganhar mais e não ter de pagar mais bancários. A ambição faz com que eles não se importem com quem ganha pouco ou quem corre risco de ter um cartão clonado”, disse revoltada a cliente Élcia Maria Garcia sobre a segurança bancária colocada em risco.
“Eu não concordo com esse processo. Quem não é funcionário do banco não deveria fazer transações bancárias e nem lidar com dados sigilosos. É muito claro, quem não é bancário não pode exercer funções de bancário”, disse Rodrigo Alves, que trabalha em um escritório de advogados. Para Antonio Araújo, comerciante no Centro, “o interesse dos bancos é o lucro, independente das atividades irregulares que eles precisam fazer para baratear a mão de obra”.
A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, lembra que os bancários estão em plena campanha nacional e que uma das reivindicações é a defesa do emprego, com mais contratações e combate às terceirizações que só servem para precarizar empregos. “Os terceirizados têm de ser enquadrados como bancários. E têm de ter os mesmos direitos e condições de trabalho que os da categoria. Os bancos não podem mais reduzir gastos às custas dos trabalhadores”, ressaltou.