Banco da Amazônia

Seeb recebe manifestação de Bancários do Banpará a favor da proposta negociada

Uma situação lamentável foi construída pela direção da Associação dos Funcionários do Banco do Estado do Pará (Afbepa) durante a assembleia dos bancários e bancárias do Banpará realizada na noite de terça-feira, 5 de outubro. E tudo por conta de uma oposição inconsequente e irresponsável que vem sendo construída de forma visceral contra a atual direção do Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá.
Uma mínima maioria de 2 votos, influenciada por dirigentes da associação, fez com que o funcionalismo do Banpará rejeitasse a proposta conquistada após 5 rodadas de negociação entre o Banco e o Sindicato, a Contraf-CUT e a Fetec-CN, deixando todos os bancários e bancárias do Banpará a mercê do que for acordado somente na mesa com a Fenaban.
A proposta específica negociada com o Banpará garantia:
Reajuste dos salários
Seguir o acordo da Fenaban referente ao índice de reajuste dos salários. Sabendo-se que os 4,29% oferecidos pela Fenaban já foram rejeitados, portanto, o índice que deverá ser conquistado será maior.
 
 
 
 
 
PLR
– Seguir o mesmo modelo fechado com a Fenaban no ano passado (90% do salário + parcela fixa + adicional de 2% linear na parcela adicional), com acréscimo de mais 2% linear na parcela adicional.
– Adiantamento da PLR no valor de R$ 1.074,00 (Mil e Setenta e Quatro Reais), a ser pago nesta sexta-feira, 8 de outubro de 2010.
Observação: Caso a Fenaban apresentasse outro modelo, seria considerado o cálculo de PLR que fosse melhor para os trabalhadores.
 
 
 
 
Abono em forma de tíquete
1 tíquete no valor de R$ 1.000,00 (Mil Reais) a ser pago até a próxima sexta-feira, 8 de outubro de 2010.
1 tíquete no valor de R$ 1.000,00 (Mil Reais) a ser pago com a segunda parcela da PLR.
1 tíquete extra natalino no valor de R$ 500,00 (Quinhentos Reais) a ser pago até o dia 20 de dezembro de 2010.
Auxílio Creche
Reajuste de 11% sobre o Auxílio Creche.
Abono dos dias parados
O Banpará abonaria integralmente os dias parados.
Veja agora a série de contrapropostas feitas pela Diretoria da Afbepa que confundiram a cabeça do funcionalismo na hora de deliberar:
Primeira contraproposta:
A primeira contraproposta feita pela associação foi publicada em panfleto intitulado “A proposta do Banco apoiada pelo Sindicato é ruim para os bancários e bancárias do Banpará”. Esse documento foi circulado antes da assembleia do dia 05/09 e trazia no seu conteúdo as reivindicações formuladas pela Afbepa, dentre elas:
 
A Afbepa queria:
– Reajuste de 11% sobre o salário;
– Reajuste de 20% sobre as comissões;
– Abono de R$ 2.000,00 (Dois Mil Reais);
– Abono dos dias parados durante a greve.
 
Mas na prática:
– Os 11% de reajuste salarial já está pautado na minuta específica do Banpará e geral da categoria;
– Os 20% sobre as comissões criaria um índice maior de reajuste para os cargos comissionados, criando um abismo de reajuste perante os funcionários não comissionados;
– Na proposta de abono da Afbepa Haveria desconto de R$ 540,00 no IR;
– O abono dos dias parados já tinha sido acordado pelas entidades com o Banpará.
Segunda contraproposta: Logo após a assembleia que rejeitou a proposta do Banco, foi publicado no blog da Afbepa que a associação defende uma segunda contraproposta:
 
A Afbepa queria:
– R$ 2.500,00 de abono em dinheiro, e não na forma dos 3 tíquetes como tinha sido negociado;
– E transformar os 2% de ampliação da PLR em 2% de reajuste salarial a mais sobre o que fosse fechado com a Fenaban.
 
Mas na prática:
– Nessa proposta de abono de R$ 2.500,00 em dinheiro haveria desconto de R$ 675,00 pelo IR;
– A proposta de transferência de índice rebaixaria uma das melhores propostas de PLR da categoria bancária. Para o Sindicato, se vier 2% no reajuste, isso não deve ser retirado da PLR, e sim aparecer como mais um ganho da categoria. A perda com descontos de IR e INSS chegaria a 38%.
Terceira contraproposta: No dia seguinte à rejeição da proposta em assembléia, quarta-feira 06/10/2010, a Afbepa protocolou um ofício no Sindicato com uma terceira contraproposta:
A Afbepa agora quer:
– Aceitar o que foi negociado com o Banco em relação ao abono de R$ 2.500,00 em tíquete;
– Manter a formulação de transformar os 2% de ampliação da PLR em 2% de reajuste salarial a mais sobre o que fosse fechado com a Fenaban.
 
– E reafirmar o abono dos dias parados
 
Mas na prática:
– A Afbepa deve ter percebido tardiamente que sua contraproposta em relação ao abono atentava contra os trabalhadores;
– Mas conforme dissemos anteriormente, a proposta de transferência de índice rebaixaria uma das melhores propostas de PLR da categoria bancária;
– E continua insistindo em um assunto que já tinha sido apresentado com o Banco, no caso, o abono integral dos dias parados com a greve.
Essa celeuma provocada por esta série de contrapropostas diferentes ajudou, diretamente, a confundir a cabeça do funcionalismo do Banpará presente na assembleia a votar contra o que foi negociado pelas entidades com o Banco. Mas toda essa confusão feita pela diretoria da Afbepa tem uma explicação.
A verdade dos fatos:
O fato é que a atual direção da Afbepa conseguiu influenciar o funcionalismo do Banco a votar por perdas salariais na mesa de negociação e, o que é pior, levar a greve da categoria ao desconto dos dias parados. Isso porque a associação não aceita nenhum dos avanços alcançados ao longo de um mês de negociações. Muito provavelmente por conta de a Afbepa não aceitar o fato de ela não ter autonomia de entidade sindical e, por isso, não poder participar da mesa de negociação, assim como ANABB, APCEF e AEBA não negociam acordo coletivo com seus respectivos bancos. Esta suposição está amparada nas diversas postagens feitas sobre essa reivindicação no blog da Afbepa e por várias incursões feitas pela mesma sobre esse assunto, através de ofício, junto ao Sindicato.
Outro fato lamentável e preocupante é que a diretoria da Afbepa, no afã de derrotar o Sindicato em assembleia, não explica para a categoria que o abono em dinheiro nunca foi reivindicação do movimento sindical, justamente porque esse tipo de “bonificação” acarreta em incidência do Imposto de Renda sobre esta verba. Neste caso que estamos tratando (R$ 2.500,00 de abono em dinheiro), haveria incidência de 27% do IR sobre o referido abono, o que resultaria na perda de R$ 675,00 do total pleiteado.
A direção da Afbepa também foi inconsequente ao confundir o funcionalismo do Banpará com a ideia de que seria possível transformar os 2% de ampliação da PLR em 2% de reajuste salarial a mais sobre o que fosse fechado com a Fenaban. Rebaixando dessa forma uma das melhores propostas de PLR da categoria bancária. Para o Sindicato, se vier 2% no reajuste, isso não deve ser retirado da PLR, e sim aparecer como mais um ganho da categoria.
Suponhamos que em um cenário bastante otimista as superpotências bancárias nacionais como Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Santander aceitassem os 11% reivindicados pela categoria, a Afbepa acredita mesmo que o Banpará, um banco de fomento que ainda tem pouco retorno em carteiras de crédito, teria mesmo condições de garantir 13% de reajuste ao seu funcionalismo sem que isso trouxesse sérias consequências para garantir esse benefício? No mínimo, há irresponsabilidade e politicagem ao defender esse tipo de proposta.
Quem dedica sua vida a organizar o movimento sindical sabe que suas ações devem estar orientadas pela racionalidade e responsabilidade com as lutas da categoria. E esse episódio abre pressuposto para desconfiar se esses princípios estão sendo seguidos, de fato, pela atual direção da Afbepa. Fato é que a história mostrará quem de fato está lutando em defesa da categoria, e não em causa própria. O preço da inconseqüência e irresponsabilidade na forma de conduzir a oposição poderá ser muito caro.

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